Um diálogo imprescindível: I Ciclo de Conversas Negras
A experiência do diálogo é fundamental, ainda mais quando tratamos de questões como a insistente manutenção de tetos de vidros que impedem o empoderamento de parte expressiva da população do país. Um dos países mais pretos do mundo, fora do continente africano, mas que tem problemas com seu reflexo: vê o que não existe, uma cara que não a sua.
Lembrando a fala da professora Selma Maria da Silva, do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnicorracial e Coordenadora do Comitê Estadual Etnicorracial da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, estamos visíveis, mas não somos percebidos. De fato.
Ao defendermos a primeira tese sobre invisibilidade às questões étnicorraciais no mundo das comunicações no 31º Congresso Nacional de Jornalistas da Fenaj, na Paraíba, em 2006, o caos parece ter se estabelecido: por que falar disso? Não há racismo no Brasil, ou melhor, Racista é o vizinho, não eu. Entretanto, muita água rolou por baixo desta ponte. Muitas discussões aconteceram, estratégias traçadas, corações conquistados, avanços expressivos ocorreram e continuam a acontecer.
E estar no I Ciclo Nacional de Conversas Negras foi um destes avanços. Com todas as dificuldades, que certamente existiram e ainda persistem, o processo foi desencadeado.
Não há como dizer, pare as máquinas, não vamos rodar o jornal. Agora não dá. A rotativa já rodou milhares de exemplares e caminhões partiram rumo às bancas.
As conversas se multiplicam e as palavras vão se avolumando em um vozerio interessante: o prenúncio do efetivar de propostas enunciadas e de mais marcos legais.
E, certamente, a nossa proposta é a convicção de que podemos lutar por um jornalismo comprometido com a justiça social e respeito à diversidade étnicorracial, conforme pensamento de nossa querida Valdice Gomes, presidente do sindicato dos jornalistas alagoanos, da Cojira-AL e Conajira/FENAJ.
A Carta de Maceió foi embasada nos documentos legais assinados pelo Estado Brasileiro. Ou seja, o que queremos é o cumprimento dos compromissos oficiais. Como disse Arísia Barros, se no início a impressão era limitante, a conversa tomou outros rumos: ampliou-se, deu eco. Piracicaba que nos aguarde.
Saúde e Luz
Sandra Martins – jornalista Cojira-Rio

Raízes da África