Eram jovens não-brancos moravam no alto de uma grota.
Eram sobreviventes de uma vida maculada pela ausência do bem estar coletivo.
Eram quatro adolescentes pobres. Entraram na mata à procura de madeira para fazer cercas para jardim, afirmou o pai de um deles.
Não usavam drogas eram apenas cuidadores de flores. Cercavam os jardins da invasão e da maldade humana.
Entraram na mata e perderam a vida.
Hoje são vítimas fatais! Cadáveres!
Morreram em posição de rendição. Mãos na cabeça. Tiros certeiros.
Foram chacinados. Amputados da sensação da primeira namorada, conclusão de estudos, primeiro emprego.
Foram trucidados!
Eram quatro jovens, assim no passado. E, no futuro não ficarão velhos. A morte, no presente, rompeu o fluxo natural e contínuo da vida.
Como não eram nossos filhos, filhos de autoridades ou filhos de alguém famoso, serão apenas mais uma fria estatística nos jornais. Ególatras que somos viramos a página. Afinal não gostamos de notícias tristes!
Ninguém além da família (que tem medo) chorou por eles. Não haverá festas em túneis ou a solidariedade constante da mídia. Nem passeata de protestos ou solidariedade da sociedade civil organizada. A solidariedade humana é solidária ao “status” social da vítima.
Foi esquecida a lição de solidariedade que o ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus trouxe da Colômbia para fazer escola em Alagoas. Alguém lembra?
Faz tempo a violência seqüencial inaugurou uma nova fase: os pais enterram cada vez mais os filhos, mortos por essa arquitetura estatal de espaços construídos sem planejamento,sem um conjunto de políticas de curto, médio e longo prazo que gerem desenvolvimento humano.
A gente não quer só casa na periferia. A gente quer casa, trabalho, escola, segurança, saúde, diversão e arte.
A gente quer a verdadeira Paz das políticas públicas realmente instituídas.
Quatro jovens mortos.
Os pais não vivenciarão a passagem da adolescência para vida adulta: troca de alianças, casamentos, nascimento do primeiro neto.
Quatro descendências amputadas!
A probabilidade de um jovem negro ser assassinado é 2,6 maior que um adolescente branco.
Segundo Rachel Willadino- Coordenadora do Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens do Observatório da Favela/RJ, o perfil dos diferentes estudos sobre violência é quase unânime: Quase todos homens. Quase todos negros. Quase todos moradores das favelas e periferias.
Maceió é a capital com o maior índice no Brasil de adolescentes assassinados.
Alagoas é o segundo menor estado da federação, entretanto o índice de assassinatos em Alagoas é o maior do país. Assim diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Resta agora a família dos quatro jovens suportarem, vida a fora,o peso dos corpos mortos dos filhos.
Quem sabe um dia a dor cicatriza.
Quem sabe.
E fim!

Raízes da África