Reeditando por conta do “MAIS” no lugar do “MAS”.

Desculpe-me car@s, principalmente ao Carlão, foi a “pressa de chegar”. É bom verificar o cuidado de tantos blogueir@s com a questão dos erros gramaticais que embaçam sobremaneira a técnica de persuasão de textos que visam expor argumentos enxutos e concisos.
Afroabraços, da Arísia Barros

O menino fora atropelado pelo racismo. Agora tem medo de sair à rua e deparar-se com seus algozes. Os “outros” eram um pouquinho maiores do que eles, entretanto a intolerância era gigante. Intolerância que invadiu a alma do menino e quebrou-lhe dentes primários. A mãe o consola dizendo que ‘ainda bem que são dentes de leite”. A mãe não irá denunciar a selvageria dos meninos da rua de cima porque tem medo de perder o emprego de faxineira que sustenta os dois, ela e o menino e ainda diz : Quem vai dar ouvidos a gente miserável e pobre que nem nós?
A história da mãe do menino é lastreada por capítulos de exclusão. Mataram-lhe o marido a pouco mais de dois anos, o menino não tem a menor lembrança do pai.
O homem que dera-lhe vida era hoje uma réstia em sua memória. Confundiram o pai do menino com um criminoso e o mataram. E ainda alegaram legítima defesa. A mãe deixou a morte para lá e cuidou da vida. Afinal- pensa ela - justiça foi feita para gente que tem dinheiro. Gente rica como os meninos da rua de cima que surraram seu menino.
Além tinha que comparecer as audiências e ela nem tinha o dinheiro do ônibus, nem com quem deixar o menino. Eram só eles dois: a mãe e o menino. Aspereza de uma existência invisível. Um dia, sem marido, dinheiro ou algum emprego entrou em um supermercado e pensou em “pegar” um leite para dar de comer ao menino. O menino tinha fome. Mas, a mãe do menino não pegara o leite porque teve medo da justiça humana e de jeito nenhum ela poderia deixar que gente estranha criasse o seu menino. Seu filho!
O menino fica em casa o tempo todo quando a mãe vai fazer faxina nas casas de cima.
O menino tem medo e se esconde. Quando apanhava da turma dos meninos da rua de cima os ouviu: É para você aprender que aqui não é lugar para negros!
A dor doía e machucava, mas o menino não conseguia entender: existe lugares para negros e brancos? E se não existe porque os meninos ricos e brancos da rua de cima bateram nele e disseram aquilo. O menino quer entender, mas o medo de sair a rua deixa-o inerte, preso em amarras de conceitos esdrúxulos.
O menino é pequeno mais o medo que se avoluma em seu peito é enorme.
O menino espera a mãe . A mãe e o medo são, hoje, suas únicas companhias.