No mesmo dia em que chanceleres da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) se reúnem para tentar encontrar uma saída para a crise entre Colômbia e Venezuela, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse, nesta quinta-feira, "deplorar" os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o conflito entre os dois países não vai além do enfrentamento “verbal”.
"(O presidente da República) deplora que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem cultivamos as melhores relações, se refira à nossa situação com a Venezuela como se fosse caso de assuntos pessoais", afirmou Uribe por meio de um comunicado divulgado pela Presidência da Colômbia.

Uribe diz ainda que Lula emitiu comentários "ignorando a ameaça que representa para a Colômbia e (para o) continente a presença dos terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)”.

No comunicado, Uribe reitera as acusações contra a Venezuela, afirmando que "a única solução que a Colômbia aceita (para solucionar a crise) é que não se permita a presença dos terroristas das Farc e do ELN (Exército de Libertação Nacional) em território venezuelano".

Na quarta-feira, em referência ao conflito entre os vizinhos, Lula disse que era "tempo de paz e não de guerra" e que ainda não tinha visto conflito entre os dois países, além da disputa verbal. "Ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que nós ouvimos mais aqui nessa América Latina", afirmou Lula.

"Temos de restabelecer a normalidade nas relações entre Venezuela e Colômbia, porque são dois países importantes para nós da América do Sul, são duas grandes economias, são dois países que têm grandes fronteiras", acrescentou.

O pronunciamento de Uribe é feito no mesmo dia em que tem início uma cúpula de chanceleres da União de Nações Sul-americanas (Unasul) em Quito. A cúpula pretende analisar a crise entre Colômbia e Venezuela, provocada pela acusação por parte do governo colombiano de que chefes guerrilheiros das Farc e do ELN estariam em território venezuelano.

O governo brasileiro chegou a se apresentar como um possível mediador entre os dois países, mas ficou decidido que essa tarefa será desempenhada principalmente pelo secretário-geral da Unasul, Nestor Kirchner.

Este é pior momento das relações bilaterais desde 1987, quando Venezuela e Colômbia, com uma fronteira comum de 2.219 quilômetros, estiveram próximos de uma guerra, depois de a Marinha venezuelana interceptar um navio militar colombiano em águas disputadas.

Nos últimos anos, Chávez tem tido vários atritos com o presidente conservador da Colômbia, Álvaro Uribe, cujo mandato termina em 7 de agosto. No ano passado, Caracas restringiu as relações diplomáticas e comerciais com o país vizinho por causa de um acordo militar entre os Estados Unidos e a Colômbia.