A notícia, logo abaixo, do jornalista Diego Alves acende em nós, (ou não?) a proposta da reflexão extra-umbigo. O que fazer com o estrago que o racismo produz na auto-estima de meninos e meninas? Meninos e meninas que são achincalhados pelo simples fato de não ser-não-brancos?
Lidar com nossos medos adultos já traz uma complexidade além da maturidade, imagina na fase da adolescência quando valores são virados pelos avesso, tantas coisas são postas em xeque e ao não saber ainda o que somos, buscamos copilar experiências d”outrem. Meninos e meninas negras além do processo das mudanças hormonais, emocionais tem que aprender a lidar com a diferença de ser diferente em um país que mesmo sendo o segundo maior do planeta em população negra se transveste de branco.
Não o Brasil ainda não é o país dos “mestiços” que me desculpe os que absorveram 122 anos após a abolição inacabada, o ufanismo da democracia racial da pátria brasileira.
Garoto de 13 anos desiste de aulas por sofrer racismo em escola pública de Campo Grande
A empregada doméstica A.M.S., 44, procurou a polícia e denunciou que o seu filho de 13 anos sofreu discriminação racial na escola e já não quer mais estudar. Consta no boletim de ocorrência registrado no dia 28 de junho, que o adolescente foi alvo de violência psicológica e conforme a mãe, o marco para que o racismo ficasse evidente foi a partir do dia em que o filho tornou-se conhecido na escola por ter sido artilheiro de um campeonato de futsal.
Ainda no boletim de ocorrência, detalhes sobre o crime de racismo: "(...) seu cabelo é feito para fazer bombril e a carne para fazer comida de porco". A frase teria sido proferida por alunos da escola. O jovem já não mais quer estudar.
Ainda de acordo com a mãe, quatro alunos teriam desrespeitado e agredido também fisicamente seu filho, estudante da escola estadual Delmira Ramos dos Santos, do bairro Coophavilla II.
Segundo a doméstica, o menino que estuda na escola desde a 1ª série e que hoje cursa o 7º ano sofre por conta desse tipo de violência. Isso já dura há pelo menos 3 anos.
Mas, a situação tornou-se insustentável, segundo a mãe que decidiu denunciar. “Eu não queria recorrer porque eu sou negra e pobre, mas depois que eu fui orientada eu procurei meus direitos”.
“Ele estuda lá desde a 1ª série, a minha filha de 15 anos também, eu já tinha tirado o meu filho e minha filha de lá por causa de racismo. Ele não quer mais ir para a escola”, conta a mãe.
De acordo com a mãe, além da violência verbal de ter sido chamado de “urubu”, “frango de macumba” e “nego fedido”, alunos da escola teriam pixado o muro da escola chamando-o de “fedido”.
A gota d´água foi o fato do filho tentar se defender e ter acabado sofrido represália por parte da escola. "Ele teve de limpar três salas de aulas durante 10 dias". O jornal Midiamax buscou contato com a direção do estabelecimento de ensino, mas a informação foi de que somente a Secretaria de Estado de Educação poderá falar sobre quais medidas deve tomar.
“Meu filho entrava às 7h e saía às 16h porque a escola é integral. Eu assinei essa medida disciplinar porque a diretora me disse que era uma ordem de um promotor, sabe o que aconteceu? Ele chegava em casa quase às 19h e em um desses dias que ele tava limpando as salas, três ou quatro alunos entraram lá e bateram nele. Ele chegou em casa com a boca inchada sangrando e com os braços cheio de furos de caneta”, desabafou.
A.M.S. conta que depois da violência sofrida, a direção da escola teria lhe dito que ia tomar providência porém nada foi feito, segundo a mãe.