A polícia de São Pulo apresentou na noite de domingo a cópia do depoimento no qual o vigilante alagoano Evandro Bezerra da Silva, que foi preso em Sergipe após uma passagem em Olho D’Agua das Flores, Alagoas, confirma que Mizael Bispo, advogado matou sua ex-namorada, a também advogada Mércia Nakahima.

Evandro Bezerra Silva afirmou à Polícia Civil de São Paulo que descontentamento por causa do fim do namoro, ciúmes e uma suposta traição teriam levado Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, a matar a ex-namorada Mércia Nakashima, de 28 anos

Ao chegar em Aracajú Evandro Bezerra da Silva, disse que teria vindo para Alagoas e Sergipe apenas para passar férias e que só soube que era suspeito de participação do crime quando ouviu a notícia em Olho D’agua das Flores, mas de acordo com o delegado paulista a história mudou durante a madrugada. O vigia foi apontado como suspeito depois de abandonar o trabalho logo que o Honda Fit da advogada foi recuperado na Represa Atibainha. 

"Mas agora ele abriu o jogo comigo e deu declarações contundentes, confirmando que foi Mizael quem matou Mércia", disse Olim.

"A informação corrobora as investigações, que mostram que ele (Souza) era ciumento e possessivo, e que foi acumulando ódio até explodir." Na manhã de ontem, policiais procuraram Souza em sua casa, em Guarulhos, mas ele não foi encontrado.

É justamente essa contradição e mudança de versões apresentada por Evandro que leva o advogado dele, José Carlos da Silva, a desconfiar como o depoimento do segurança foi colhido em Sergipe.
"Suspeito que meu cliente tenha sido coagido para mudar a versão dada anteriormente"

Depoimento de Evandro

Ainda, como relatou o vigilante ao DHPP, "Mizael começou a desconfiar [a partir de fevereiro deste ano] que Mércia estaria traindo ele com outro homem”. Pelo que descreveu Evandro, o advogado lhe disse que “a vítima não atendia suas ligações telefônicas e o humilhava enviando e-mails ofensivos, tendo na oportunidade comentado que iria dar um jeito nela”.

Em maio, "Mizael intensificou os comentários de que queria matar Mércia”, contou Evandro em seu depoimento. O relacionamento entre o vigia e o advogado era de amizade. O primeiro trabalhava para o segundo fazendo “bico de segurança”. Seu último trabalho foi como vigilante de um posto de gasolina em Guarulhos.

Para realizar o crime, disse Evandro, Mizael lhe procurou às 18h do dia 22 para dizer que o “QRU (crime)” seria naquele final de semana. O segurança diz que sempre tentou demover o colega da ideia de matar Mércia. No dia 23, o vigia se encontrou com o advogado num posto de combustíveis e Mizael combinou com ele para pegá-lo às 21h perto da represa em Nazaré Paulista. Evandro conta que levou 45 minutos para chegar ao local.

Depois, ainda segundo a versão apresentada pelo segurança ao delegado Olim, Mizael chegou a pé, trajando jaqueta marrom e calça jeans, “visivelmente suado” e quando entrou em seu Fiat Uno prata, portava “uma arma cromada” e “comentou que o problema estava resolvido” e pediu a ele para levá-lo até o veículo dele, que estava estacionado perto do Hospital Geral de Guarulhos. Após o crime, Mizael ainda teria dito para Evandro viajar e não falar nada a respeito do que ocorreu na represa.

Indiciamento

Para a Promotoria de São Paulo, a investigação feita pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) já apresentou indícios suficientes para indiciar Mizael e Evandro pela morte de Mércia.
Ainda, segundo o promotor Merli Antunes, os suspeitos serão acusados pelos crimes de homicídio qualificado (pela motivação torpe, que seria a intolerância de Mizael com o fim do relacionamento), ocultação de cadáver (a advogada foi jogada ferida dentro do seu próprio carro dentro de uma represa) e sequestro (ela teria sido forçada a ir com os responsáveis pelo crime para Nazaré Paulista, no interior do estado, onde foi morta).