A delegada Fátima Cristina Bastos, titular da delegacia do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, já ouviu sete taxistas suspeitos de terem agredido o colega Kleber Luis Oliveira da Rosa, na madrugada de quarta-feira (7).

Ela informou que vai rever as imagens do circuito de segurança para tentar identificar quem realmente participou da agressão. A delegada vai ouvir também outras testemunhas e ainda o médico que socorreu o taxista. A delegada confirmou que os suspeitos devem ser indiciados por tentativa de homicídio duplamente qualificado e omissão de socorro.

"Eles já sairão daqui indiciados pelo crime. E como eles estão colaborando, não há ainda um fundamento para que justifique um pedido de prisão", afirmou.

A Polícia Civil do Rio afirma que somente em 2010 foram registradas nove brigas desse tipo no aeroporto. Todos os envolvidos respondem por lesão corporal.

Kleber segue em observação no Hospital Miguel Couto, na Gávea, na Zona Sul do Rio. O estado de saúde do taxista é estável, mas não há previsão de alta.

Defesa alega que não houve agressão
O advogado da Cooperativa Aerotaxi, Djalma Sales, afirmou que uma das testemunhas ouvidas não negou ter discutido com Kleber, mas disse que os ferimentos foram provocados por uma queda no muro de proteção.

"Houve uma troca de empurrão. Meu cliente saiu do carro, apartou a briga entre eles, os empurrões. Segundo meu cliente o Kleber atravessou a rua em diagonal e mais a frente ele pisou em falso, caindo sobre a mureta", disse.

Autônomos inseguros

O fato não é isolado. Um taxista autônomo que prefere não mostrar o rosto porque tem medo da reação de colegas de trabalho disse que se sente inseguro ao trabalhar na área. Ele diz que a violência entre taxistas é comum. No Aeroporto Tom Jobim, ele vai em media duas vezes ao dia levar passageiros. E já recebeu muitas ameaças.

“Tem que deixar o passageiro a qual foi levar e sair imediatamente”, disse ele. O taxista afirmou que se não sair imediatamente, sofre ameaças. "Recebe ameaça de agressão, ameaça de quebra de carro e ameaça de multa também”, contou.

Geralmente o passageiro presencia toda essa cena. Durante a manhã, a equipe do RJ TV ficou no terminal 2 do aeroporto. No setor de embarque, registramos vários táxis autônomos chegando com passageiros. Um deles fez a viagem de volta com cliente, mas a maioria sai daqui vazio. Já no setor de desembarque, só encontramos táxis credenciados.

Segundo a Infraero, somente os táxis de cooperativas credenciadas podem fazer filas aqui para pegar passageiros. Mas não existe um monopólio. O taxista autônomo tem autorização para passar livremente pelo aeroporto e se tiver algum passageiro pode fazer o embarque.

Mas o taxista conta que nem nos horários de grande movimento os autônomos conseguem trabalhar no aeroporto.

“Isso tudo é a ganância. Eles não dão conta de levar todos os passageiros. Em horários de pico se você passar lá você vê uma fila de passageiros esperando o táxi, mas mesmo assim vc não pode parar ali pra pegar”

Ele pede mais fiscalização no local. “Enquanto as autoridades, isso prefeitura, guarda municipal, polícia militar e até mesmo polícia civil não intervir e verificar essa máfia que existe, infelizmente isso vai continuar ainda por muito tempo.”