Em  28 de setembro de 2007 , a professora da Universidade do Rio de Janeiro, "Stela Guedes Caputo, nos deu o seguinte depoimento:


"A importância dos encontros afro-alagoanos para a educação de uma maneira ampla é a primeira coisa a ser ressaltada. É difícil ver políticas públicas concretas para a formação continuada de professores e professoras. O empenho que a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, e, mais especificamente, da Gerência de Educação Étnico-Racial fazem deve receber especial destaque. O esforço é legítimo e produz resultados imensos. Pude ver e viver essa bela experiência no Encontro realizado no dia 28 de setembro de 2007. Neste dia, partilhei com cerca de 200 professores e professoras, a palestra "O sagrado no Cotidiano da População Afro-Descendente e a Lei 6.814/07", o dia foi rico e belo. Ver professores e professoras tão dedicados e tão empenhados em superar dificuldades e buscar coletivamente a discussão a respeito da diversidade foi algo realmente bom. O melhor: havia alunos e alunas nesse processo.
A diversidade está na escola e nos desafia todos os dias. Os alunos e alunas são muitos e são diversos. São de classes diferentes, de culturas diferentes, de religiões diferentes, de aparência diversa. Lidar com isso no cotidiano da sala de aula não é mesmo fácil e deve ser encarado como um desafio onde todos e todas podemos aprender sempre. Jogar a diversidade pra "debaixo do tapete", escondê-la a fim de mostrar uma harmonia e consenso dentro da escola não é, para mim, a melhor maneira de viver a escola.
Falei, no encontro, sobre crianças que praticam candomblé e de como estas são discriminadas na escola. Essa é a minha pesquisa há muitos anos. Tenho visto com muita angústia que a escola tenta de tudo para superar suas imensas dificuldades. Buscar a "salvação na religião" pode ser um caminho para muitos, mas um caminho a ser buscado nos templos, terreiros, casas, sinagogas de cada um, de cada família. O privado não é o público. Essa não é a saída para a escola, a escola de um Estado que se propõe laico, que se afirma laico. Por isso, na minha fala durante o encontro, afirmei e reafirmo que a Educação Religiosa nas escolas públicas reforça a discriminação que já havia, há muito dentro da própria escola. É o que penso e o que digo.
Acho que os encontros de Alagoas sim, com certeza, ajudam a pensar coletivamente inúmeras questões que atravessam a escola. A estadualização da Lei sobre a Ensino da História da África, ou seja, a implementação da Lei 6.814/07 é um exemplo que precisa ser seguido por todos os estados brasileiros. Não será, por certo, a solução para o fim da discriminação. Há muito a ser feito e coletivamente. A escola nunca pode nada sozinha. Mas, definitivamente, é um passo fundamental nessa caminhada por um País realmente sem discriminação racial.
Foi um prazer e uma honra estar em Alagoas no dia 28 de setembro de 2007.