A realização do Seminário de Qualificação dos Fóruns Permanentes de Educação e Diversidade Étnicorracial em Alagoas, nos dias 06 e 07 de maio,suscitou algumas reflexões:
Como se dá a contextualização da realidade sócio-étnica dentro da estrutura dos fóruns? Qual o lugar social que o movimento social negro ocupa dentro do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial?
O movimento negro foi o protagonista da Lei nº 10.639/03 e no quadro atual permite que o “estado” se auto- legitime como “A” representação “oficial” de uma demanda que envolve uma parcela bem mais ampla de atores.
Porque o movimento social negro não foi convidado para compor a mesa de abertura dos trabalhos do Seminário de Qualificação?
É preocupante o discurso político de alguns fóruns no trato com os diferentes, traz o metódico estabelecimento da hierarquia dos iguais. Iguais dentro de uma concepção de pensamentos de um “grupo” convergente como uma lógica de parentesco.
Os Fóruns não podem e não devem ser só um espaço do movimento social, como também não pode ser um espaço exclusivo e acadêmico, como repetição de um domínio discursivo das instituições dominantes e da cumplicidade entre iguais.
Atualmente secretarias de estado, universidades, conselho estadual de educação pensam o Fórum de discussão étnico-racial
Uma pergunta neste contexto é pertinente: O conjunto de atores que ora assume a representação atual do Fóruns local traz em sua representação o “lugar” da identidade e ação institucional que por uma lógica simplista deveria imprimir legitimidade de continuidade a “emperrada” política de implementação da Lei Federal nº 10.639/03 e da construção das diretrizes curriculares para que a Lei Estadual nº 6.814/07, visando quebrar o silêncio cúmplice e simbólico da dominante e eurocêntrica cultura institucional. E então, porque dessa caminhada política inarticulada que permite a construção de um mundo imaginário de frases retóricas e o vazio da ação concreta?
Qual é o ponto de partida para desconstrução desse discurso cativo de uma lógica de pátrio poder do estado?
Quais os princípios que norteiam o silêncio e a audível omissão do movimento social negro em relação à política de implementação da Lei Federal nº 10.639/03?
Nós do movimento social precisamos de nós mesmos na pratica de uma política da diferença pela igualdade. Exilados em nosso lugar precisamos ser capazes de extrapolar as outras variáveis de nossa identidade.
Atualmente qual é o território da existência étnico-identitária?
Nos discursos governamentais de abertura do Seminário de Qualificação foi novamente potencializada a fragmentação que nos paralisa. A nós, um povo que deveria estar em movimento.
Estará o movimento negro em uma crise de perda de identidade? Indiferente as inúmeras diferenças e desigualdades sociais que nos assola e nos aloja no colo do estado patriarcal?
Política não é feita com e para amigos. Política é construída com idéias de muitos e diferentes.
A lógica do poder branco tem mais de 1.500 anos e parte de um princípio simplório: agregar.
Usando o pensamento do professor e filósofo francês Michel Foucault: “o grande tabuleiro discursivo das identidades de alguns fóruns permanente de educação e diversidade étnico-racial é construída sobre um fundo confuso, indefinido, sem fisionomia e como que indiferente as diferenças”.
Sim,outra realidade social dos Fóruns, ainda é possível!

Raízes da África