“Tenho esperança que o Tribunal de Justiça de Alagoas acate a denúncia do Ministério Público e, que o deputado estadual João Beltrão realmente seja punido pela morte do meu irmão”, foi assim que Jaime Holanda Filho, irmão do bancário Dimas Holanda, morto no Conjunto Santo Eduardo, no bairro de Ponta Verde, no dia 03 de abril de 1997, com 11 tiros de pistola 9mm, falou 13 anos depois sobre o sentimento que impera em sua família.
Jaime Holanda disse ainda que os familiares de Dimas aguardam que todos os acusados sejam punidos perante a lei, independente do tempo que se arraste este processo.
Segundo ele, depois da criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as esperanças na Justiça cresceram. “ Sei que vai durar algum tempo, pelo fato de João Beltrão ter foro privilegiado,mas voltei a acreditar na Justiça” disse.
Em tom de aflição Jaime Holanda diz ter tomado conhecimento que durante uma festa, Beltrão confirmou para o juiz Mauricio Breda que teria participação no caso e, de acordo com Holanda, o magistrado na época teria até se colocado a disposição para depor, para não ver o ex-governador Manoel Gomes de Barros, o Mano, ser acusado injustamente pela morte do bancário.
“Esperamos que tudo seja esclarecido, são muitas as pessoas que estão sofrendo com esta situação. Nós vivemos em aflição em busca de justiça e iremos conseguir, para isto é preciso que o TJ para acate as denúncias”, afirmou Jaime Holanda.
Jaime falou ainda a morosidade da justiça. “Sabemos que a justiça é bastante lenta e a cada dia que se passa nossa família fica ainda mais revoltada vendo os acusados livres impunemente, já se passaram 12 anos e ainda esperamos que os responsáveis pela morte de Dimas sejam presos”, finalizou Jaime Holanda.
Relembre o caso
O bancário Dimas Holanda, de 34 anos, bancário Dimas de Holanda Fonseca, morto em abril de 1997. O crime teria sido cometido após a descoberta que a vítima estava tendo um caso com uma suposta amante do parlamentar, Clécia de Oliveira, ex-miss União dos Palmares (AL).
Beltrão não integrou a lista de denunciados que foi ofertada pela Promotoria de 1º grau, porém na época já haviam indícios do envolvimento do deputado.
A denúncia inicial aponta que os autores materiais Eufrásio Tenório Dantas, “Cutita”, Daniel Luiz da Silva Sobrinho, Paulo Nei, Valdomiro dos Santos Barros, José Carlos Silva Ferreira, o “Ferreirinha” e Valter Dias Santa Filho, o “Valter Doido” foram recrutados pelo deputado estadual para matar o bancário.
Eles teriam usado um veículo de propriedade do parlamentar para executar a vítima em uma rua do Conjunto Santo Eduardo, em Maceió. Fora que todos os envolvidos eram da mais estreita confiança de Beltrão.
Para embasar a denúncia a Procuradoria Geral de Justiça anexou os depoimentos feitos por quatro irmãos da vítima, o coronel da reserva da Polícia Militar Nerecinor Sarmento, o ex-tenente coronel Manoel Cavalcante – que prestou as informações aos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital.
“Irrefragável que as provas testemunhais ao ora denunciado a autoria intelectual do crime, bem como a todos a quem são imputados a perpetração do fato criminoso”, explicou.