A reconstituição do caso do estudante Fábio Acioly Sousa da Costa, 21, que foi raptado no dia 11 de agosto de 2009 e acabou morrendo no dia 28 do mesmo mês, após ser torturado e ter 75% do corpo queimado, deve ajudar a polícia a esclarecer as dúvidas que envolvem versões das testemunhas e confirmar a participação de cada acusado, para que se chegue aos autores intelectuais do crime. A simulação foi solicitada pelo Ministério Público, através do promotor José Antônio Malta Marques.
O próximo dia 4 de maio é a data prevista para a reconstituição do crime, que deverá contar com 80 pessoas e relembrar os passos do estudante, a partir do momento em que ele chegou a um bar de Cruz das Almas até quando foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A crueldade do assassinato de Fábio chocou Alagoas, já que ele foi encontrado queimado em um canavial no Benedito Bentes e chegou a ser transferido para o Hospital Restauração, na cidade de Recife, onde veio a falecer.
Cinco pessoas foram presas, mas apenas três - Carlos Eduardo Souza, Wanderley do Nascimento e Cícero Rafael de França – foram apontadas como responsáveis pela autoria material do crime.
Um suposto grupo contratado em São Paulo para a realização do assassinato levou a polícia a investigar diversas vertentes do caso. Porém, a demora para o esclarecimento do crime se daria por conta do envolvimento de pessoas influentes do Estado.
Etapas da reconstituição
De acordo com o presidente da Associação Alagoana de Peritos Criminais (AAPC), José Veras Neto para a reconstituição serão levados em consideração fatores como a iluminação e o horário em que o crime pode ter acontecido. Ele explicou que isso servirá para confrontar o depoimento das testemunhas e vê se condizem com as provas técnicas, que constam no laudo pericial.
“O ambiente onde tudo ocorreu também é levado em consideração. O código do processo penal prevê que o objetivo de uma constituição é verificar se há possibilidade do crime ter sido praticado de determinado modo, que é o Modus operandi, desde que não contrarie a ordem pública, porque não é possível fazer isso em casos de estupro, por exemplo”, explicou.
Veras lembrou que com isso, será possível esclarecer dúvidas que ainda restam no inquérito e para saber se a versão de determinadas testemunhas tem fundamento. “As testemunhas são chamadas para participar, mas não são obrigadas. Por isso, serão chamados servidores públicos para ajudarem na simulação. Mas, elas [testemunhas] seriam ideais”, explicou.
Sobre a provável movimentação no local da simulação, ele garantiu que haverá todo cuidado para que a área seja isolada e ainda, que todas as etapas serão coordenadas pela perícia. Veras ressaltou a importância de preservar peculiaridades, como o horário do crime.
“Poderemos usar equipamentos como câmera fotográfica, lanternas, iluminação especial e trena para calcular distâncias, de acordo com a versão de cada testemunha e do resultado dos laudos. Na mesma reconstituição é possível confrontar as versões. Após isso, a perícia dará um parecer, mas isso requer um trabalho aprimorado”, informou o perito.