Estamos em Brasília na Conferência Nacional de Educação como Delegada por Indicação Nacional para representar o Movimento Negro do Estado.
A iniciativa da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial em assegurar a participação do movimento negro e quilombola na Conferência Nacional legitima um espaço prioritário para inserção da Lei nº 10.639/03 e nos permite agregar pessoas e processos na produção e informação da história como a partilha do aprendizado mútuo com inúmeras possibilidades de construir um outro olhar sobre a realidade da população negra.
É uma conferência buscando a afirmação da diversidade, revelando lacunas nas quais o racismo estrutural torna-se protagonista.
Em pleno domingo participamos de uma reunião com representantes da etnicidade negra, visando a participação de diversos estados para estabelecer estratégias de atuação na CONAE 2010 que acontece de hoje, domingo 28 de março a 1º de abril no Centro de Convenções Ulisses Guimarães. Desse encontro também participaram delegados do Movimento Negro indicados para a CONAE pela SEPPIR
No inicio do processo civilizatório brasileiro a escravidão e o extermínio do povo preto foi a forma mais extrema e cruel do racismo .
Nos espaços contemporâneos o racismo estrutural é a forma mais invisível do racismo, que age de forma invisível, não menos cruel,restringindo espaços de oportunidades,isolando conhecimentos.
Transformar a Gerência de Educação Étnico Racial em apêndice de uma Diretoria de Diversidade não é amplitude. É retrocesso!
A Gerência de Educação Étnico-Racial fruto da Lei Delegada nº 43, de 28 de junho de 2007 tinha/tem um caráter sócio-pedagógico.
A Gerência de Educação Étnico-Racial pensava a educação de uma forma dinâmica e comprometida com uma realidade mais igualitária e justa.
A Gerência de Educação Étnico-Racial possibilitava um diálogo participativo e produtivo com cerca de 40 municípios dos 102 que compõem o cenário de Alagoas.
A Gerência de Educação Étnico-Racial foi assunto de pauta na Câmara Federal em 2004, quando ainda era Núcleo Temático. Pauta positiva.
A Gerência de Educação Étnico-Racial fez de Alagoas referência nacional da implementação da Lei Federal nº 10.639/03 e na sanção da Lei Estadual nº 6.814/07.
A criação da Gerência foi modelo no país e outros estados copiaram a receita. A ação deles continua. A ação da Gerência está com os dias contados.
A Gerência de Educação Étnico-Racial conseguiu envolver 70% das escolas alagoanas na compreensão de um projeto político-educacional que contemple a diversidade cultural e étnico-cultural.
A Gerência de Educação Étnico-Racial realizou em menos de quatro anos 33 Encontros Afros Alagoanos de Educação - Alagoas era o único estado do Brasil a oferecer formação permanente e continuada em diversidade étnico-racial.
A Gerência de Educação Étnico-Racial promoveu encontros sócio-educativos em espaços marginalizados ( presídios, unidades prisionais de internação feminina).
A ação da Gerência de Educação Étnico-Racial possibilitou por unanimidade, a escolha da Secretaria de Estado da Educação de Alagoas pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação para ser a representante do mesmo, no Grupo Interministerial, criado pelo Ministério da Educação, para a implementação da Lei nº 10.639/03. Era a única Secretaria de Educação do Brasil a fazer parte do referido grupo. ( agosto 2008).
A Gerência de Educação Étnico-Racial estabeleceu parceria acadêmica com os embaixadores de Moçambique, Cabo Verde, Angola, Cônsul de Guiné Bissau e a Comissão dos estudantes africanos da Universidade Federal de Alagoas.
A Gerência de Educação Étnico-Racial mais do que um cargo de comissão em disputa era/é a afirmação política do movimento negro na educação, e esse mesmo movimento assiste estático e silencioso o rolo compressor do corporativismo estatal esmagar um exercício de revisão referencial da geografia do povo preto na história da escola.
A extinção da Gerência de Educação Étnico-Racial é racismo estrutural, com a conivência de tantos e muitos doutores/doutoras que exploram a temática a exaustão e depois pregam o conhecimento na parede.
A extinção da Gerência de Educação Étnico-Racial é um grande equívoco político.