O desembargador Mário Casado Ramalho concedeu, no final da tarde desta quinta-feira, habeas corpus ao advogado Fernando Costa, preso desde ontem, acusado de participar de um esquema de venda de sentenças no Judiciário Alagoano. O pedido de liberdade foi impetrado pelo advogado  Rodrigo Guimarães. Ele já foi libertado do Copro de Bombeiros onde estava.

O pedido de habeas corpus do funcionário do Tribunal de Justiça, Flávio Baltar Maia, o Bozó, também preso por determinação da 17ª Criminal por participação no esquema, ainda não foi apreciado.

O esquema

O ex-delegado da Polícia Civil, Wladney da Silva denunciou, no final do ano passado, o esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Alagoas. Após a denúncia, que aponta para a participação de juízes, advogados e funcionários do Judiciário alagoano, Silva foi preso.

A mãe do ex-delegado, segundo relato de familiares, recebeu ameaças de morte depois da prisão do filho. A Família de Wladney denunciou a Policia Federal uma série de telefonemas onde Flavio Baltar, que é filho do desembargador aposentado Jairo Mais e trabalha no gabinete de outro desembargador, Washignton Luiz, dizia que sempre há um ‘jeitinho’ para agilizar os julgamentos e que para isso bastaria soltar o ‘faz-me rir’, que seria a propina paga aos magistrados

Sobre o advogado as denúncias mostram que ele atuaria como um lobista, fazendo a intermediação do esquema e promovendo, inclusive, grandes festas com autoridades do Estado para acertar detalhes da venda de sentenças, geralmente de processos relacionados a propriedades de terra e imóveis.

“Eles são acostumados a fazer isso e como o Wladney teve coragem de denunciá-los acabaram inventando essa história de ameaça feita por carta, para que ele fosse preso e enquadrado no artigo 344, por coação no curso do processo. Toda a história que vem sendo veiculada não é verdadeira, pois só denegriram a imagem do meu irmão. A sociedade precisa saber quem são os integrantes do judiciário. Nossa causa era ganha e se eles tivessem cumprido a lei nada disso estaria acontecendo. Não queremos roubar nada de ninguém, mas temos direitos”,disse Wladson,irmão de Wladney.

Ele afirmou que o advogado envolvido no esquema está milionário e oferece viagens e imóveis aos magistrados e lamentou a forma como a casa da família foi invadida pela polícia, inicialmente para cumprir um mandado de busca e apreensão e ainda, o fato deles terem sido seguidos e tratados como bandidos.

“Meu irmão resolveu se entregar e esclarecer tudo. Não mudamos a rotina, mas perdemos o sossego e temos medo. Se algo acontecer com alguém da nossa família todos saberão quem foi, porque as provas foram distribuídas para várias pessoas de confiança. Mesmo assim acho que toda essa história vai acabar em pizza, mas nossa meta é que o Wladney seja solto”, ressaltou ele.

O irmão de Wladson permanece preso desde o carnaval, enquanto o advogado não ficou nem 24 horas na prisão.