Mesmo depois do depoimento de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, em Foz do Iguaçu (PR), o advogado Gustavo Badaró afimou que aguarda ter acesso ao inquérito da morte do cartunista Glauco Villas Boas e do filho dele, Raoni, para definir a linha de defesa de seu cliente.

 

Ele acompanhou o depoimento de Cadu ao delegado responsável pelo caso, Archimedes Cassão Veras Júnior, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco, na cidade do Paraná nesta terça-feira. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, à noite, o delegado afirmou que Cadu havia confessado o duplo homícidio cometido na madrugada de sexta-feira (12), mas não deu mais detalhes.

Apesar de não ter falado sobre o teor do depoimento prestado por seu cliente, revelou que ele foi esclarecedor. "As minhas dúvidas foram todas esclarecidas por ele", disse, sem dizer quais eram as dúvidas.

 

Para o advogado, seu cliente lhe pareceu "mais tranquilo, menos exaltado, sem aqueles olhos esbugalhados", ao contrário das vezes em que apareceu nas reportagens confessando o crime. Segundo o advogado, as informações que valem são as que foram prestadas por seu cliente neste depoimento ao delegado seccional de Osasco - e não as feitas à televisão. "Ele foi ouvido pela primeira vez hoje, então não tinha como ser confesso", afirmou.

 

Nesta terça-feira, em entrevista ao G1, Badaró chegou a afirmar que o fato de Cadu ser usuário de drogas poderá ser usado como parte da estratégia de defesa. "Vamos verificar a condição mental dele [Cadu], e entre as causas a serem verificadas de um eventual comprometimento dele estão: o histórico familiar, uso de drogas e de ele ter frequentado o Santo Daime”, disse.

 

Cadu, por enquanto, deverá permanecer em Foz do Iguaçu devido aos inquéritos contra ele na Polícia Federal. "Ele vai permanecer mais alguns dias lá para participar de diligências e possivelmente de uma reconstituição do que ocorreu na Ponte da Amizade", afirmou. Segundo o advogado, os familiares de Cadu estão chocados com todas as atitudes tomadas pelo rapaz e confirmaram que há dois anos ele teve problemas com o uso de drogas - no caso, maconha.

 

Morte planejada

No depoimento prestado, o estudante disse ter planejado a ida até a chácara onde morava o cartunista.

 

No depoimento, além de confessar o crime, Cadu contou que comprou a arma usada no crime e munição na periferia de São Paulo. O plano inicial era sequestrar o cartunista – que também era líder da igreja Céu de Maria – e levá-lo até sua mãe.

Ainda de acordo com o delegado, o suspeito disse que, para ele, Glauco era um representante de São Pedro. O cartunista também deveria dizer para a mãe do rapaz que seu filho era Jesus Cristo.

O rapaz também inocentou o amigo Felipe Iasi, de 23 anos, responsável por levá-lo até a chácara. Em entrevista exclusiva ao repórter César Tralli, Iasi afirmou que foi obrigado a dirigir. “Eu estava sob a mira de uma arma. Não sabia onde eu estava, o que estava acontecendo, o que ele queria ali.”

Segundo Cadu, a decisão de matar Glauco e Raoni foi tomada quando ele se descuidou e Iasi fugiu da chácara. Nesse momento, o suspeito achou que a polícia seria chamada, atrapalharia os planos e ele seria morto.

Fuga
Carlos Eduardo está preso desde a tentativa de cruzar a fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Na fuga em um carro que foi roubado na Vila Sônia, em São Paulo, ele resistiu à abordagem da Polícia Rodoviária Federal. Uma hora depois, atirou em um policial federal que tentou pará-lo na Ponte da Amizade.