O diretor do Deic, delegado Ranolfo Vieira Júnior, rechaça a existência de uma linha de investigação preponderante, mas dá a ideia de que acredita em tentativa de roubo em detrimento de homicídio encomendado. "Todo mundo sabia que o doutor andava armado. Vai ao culto portando uma pistola. Se é matador profissional, tem que saber como anda a vítima. E desfere dois disparos, acerta o tornozelo e o coração. Que atirador é esse?", indaga Ranolfo. "Se eu fosse o matador contratado, não agiria naquela hora", acrescenta ele, se referindo às dezenas de fiéis que saíam do culto.

O último registro policial de ameaça contra o secretário foi em maio de 2009. "Ele nunca falou com muita clareza sobre isso", comentou o prefeito da capital, José Fogaça. O senador Sérgio Zambiasi não acredita em crime encomendado. "Pelo que falei com a esposa do Eliseu, tudo indica que foi tentativa de roubo." Não é a impressão do promotor criminal Eugênio Paes Amorim. "Para mim, 99% de chances de não ser latrocínio (roubo com morte)." O presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto, acredita que o secretário teve uma premonição de sua morte. "Na quinta-feira ele pediu um minuto de silêncio, no jogo entre Grêmio e Novo Hamburgo, para as vítimas da dengue que ainda não morreram. Achei estranho, mas ele insistiu."

A INVESTIGAÇÃO
- A Polícia tem o sangue de um bandido para comparar com DNA de suspeitos
- O criminoso baleado perdeu muito sangue e pode ter sido sacrificado pelos comparsas para eliminar pistas
- Dez testemunhas, algumas delas tendo visto os criminosos, já foram ouvidas
- Depoimento da viúva afastaria vingança ou homicídio premeditado
- A viúva teria dito que não houve anúncio de assalto, talvez pela reação da vítima, que atirou antes dos bandidos
- Eliseu Santos sofria ameaças de morte, mas a última ocorrência é de nove meses atrás
- A vítima andava armada e teria temperamento de quem reagiria a um assalto
- Um bandido ficou no carro, um Vectra ou Astra prata, e dois desceram armados
- Uma família aparentemente indefesa em um Corolla, carro muito visado em roubos, teria atraído assaltantes
- Os criminosos estavam em um Vectra ou Astra, automóvel bastante usado por ladrões de carro
- O médico portava pistola calibre 380, mas as armas dos bandidos ainda não estão confirmadas. Podiam ser até revólver calibre 38, incomum em casos de execução
- A Polícia ainda não sabe se os dois criminosos atiraram
- Imagens de pelo menos 25 câmeras de sistemas de monitoramento público e particular são analisadas
- Em caso de crime encomendado, a Polícia considera o procedimento incomum
- Hipótese inicial de homicídio perdeu espaço para latrocínio (roubo com morte)