Uma das grandes raízes da desigualdade social no Brasil é a desigualdade racial, alimentada e mantida pela elitizada e europeizada sociedade brasileira, como fórmula contemporânea de desenraizar modos antigos da subordinação humana.
O escravagismo ainda faz parte do repertório sócio-institucional.
Ele é jovem. Ele é negro. Ele tem cabelo black power e foi preso em uma noite de sexta-feira quando ia para balada com amigos, porque simplesmente é negro.
A escravidão contemporânea é hibrida, alimenta-se da estigmatização racial e religiosa para a reinvenção de fórmulas que subjuguem a população descendente de Áfricas.
O Brasil ainda não é um país de TODOS. Se o fosse já teríamos abolido o apartheid sócio-institucional que priva a população negra da liberdade étnica.É muito difícil afirmar-se negro/negra no Brasil!
Segundo o historiador e pesquisador Luís Mir, nós, o povo preto, ainda não desembarcamos do navio negreiro. Viemos por via marítima, desembarcamos,ficamos nas senzalas e agora estão confinados nas periferias das metrópoles.
Na verdade, nós vivemos a “sub-abolição.”
Sub-abolição é um arremedo de liberdade. É subjugar, inferiorizar, criar a vulnerabilidade étnica como é uma das fórmulas para dar continuidade a política tradicionalmente patrimonialista, uma ideologia resgatada e legitimada do Brasil Colônia.
Mais de um quarto da população brasileira é de jovens, entre os 15 e os 29 anos de idade. São 50 milhões de jovens. Em 1991, os jovens negros representavam mais de 50% do grupo de jovens, sucedendo o inverso com os jovens brancos. A mortandade dos jovens negros no Brasil assume taxas alarmantes.
Segundo da Secretaria Especial de Direitos Humanos, da Presidência da República, a chance de jovem negro ser assassinado é cinco vezes maior do que branco, entretanto a impessoalidade da lógica funcional da política contemporânea insiste em aplicar a universalidade das políticas para solucionar a realidade, ainda, caótica de uma população que ao longo de mais de 120 anos vem tentando soerguer dos mecanismos sociais e políticos que provocam segregações e marginalizaram grande parte da sociedade brasileira, dentre elas a população negra.
Afinal a quem serve as elites governantes?
Segundo a coordenadora nacional do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, Márcia Soares: “A maioria da população empobrecida é negra. Então, o risco de um negro ser abordado pela Polícia, nós sabemos disso, por uma questão histórica e social, é muito maior do que um branco. Portanto, o risco de morrer na mão da Polícia também é maior. São pessoas vulneráveis à violência”.
A polícia sabe quem é negro!