O pintor de automóveis José Paulo dos Santos e a dona de casa Maria Eulina de Souza, ambos de Sergipe, vítimas e testemunhas do esquema de fraude no Seguro DPVAT, foram ouvidos, na tarde de hoje, pelo sub-secretário de Defesa Social, Washigton Luís.

Antes do depoimento, Santos e Maria Eulina conversaram com a imprensa. A dona de casa contou que um corretor de seguros foi a sua residência e disse que ela poderia R$ 7.500. Maria Eulina tem uma perna amputada por conta de complicações da diabetes. Para receber o dinheiro, que não foi repassado para ela, foi informado que a dona de casa sofreu a amputação após um acidente.

O caso de José Paulo dos Santos foi diferente, já que ele não foi procurado pelos corretores. No nome dele foram retirados R$ 9.700, como se ele tivesse sofrido um acidente.

Operação Muleta

A operação, deflagrada pela Polícia Civil, no dia 27 de janeiro, cumpriu dez mandados de busca e apreensão e nove de prisão expedidos pelos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital. As buscas ocorreram em Maceió, Arapiraca, além de Nossa Senhora das Dores e Canindé do São Francisco, no Estado de Sergipe.

Os advogados Francisco Crispi, Kelmanny Michael dos Santos Freire e Cristiano Gama de Melo, todos de Arapiraca, José Valmor Tiaro de Souza Silva e Carlos André Marques dos Anjos, a serventuária da Justiça Valkíria Malta Gaia Ferreira e os corretores de seguros de Sergipe Manoel Jailton Feitosa e Jânio Gomes da Silva estão entre os presos.

O advogado Rogério Cavalcante Lima, o último advogado que faltava ser preso na Operação, se entregou a polícia. Rogerio é vice-presidente da OAB em Arapiraca, filho do falecido juiz Geraldo Lima e irmão de outro juiz, Ricardo Lima. Ele também era sócio junto com Carlos Andre Marques dos Anjos do atual desembargador Tutmes Ayran, que em entrevista ao Cadaminuto momentos após a prisão dos advogados disse que não tinha nenhuma relação com os processos da DPVAT.

Todos os presos já estão em liberdade, depois que habeas corpus foram concedidos pelo desembargador Orlando Manso.

 

O esquema

O grupo era investigado há cerca de quatro meses, quando a Polícia recebeu informações de fraude no DPVAT. Durante entrevista coletiva, Washigton Luís explicou que os advogados recrutavam supostas vítimas de acidentes de trânsito e davam entrada no pedido do seguro. Com a anuência de servidores do 1º Juizado de Arapiraca, os processos eram apreciados com mais rapidez. Quando o valor solicitado saía, era divido entre o grupo.

"O valor na sentença seguia até o juízo recursal. Essas vítimas, muitas vezes nem tinham as lesões ou nem existiam. Foi comprovado que em alguns endereços fornecidos pelos advogados, as pessoas não residiam. A intenção era lesar as seguradoras", disse o sub-secretário.