O discurso político é econômico em sua revolução cotidiana, ainda investe no embate de idéias contrárias feito de argumentos e réplicas, esquivando-se de soluções concretas para levar a toda gente o direito de ter qualidade de vida.
O Brasil - político repele a África negra plantada no cotidiano da história social.
O combate à desigualdade étnica envolve estratégias de conhecimento, difusão e mobilização.
Exigem negras e negros em permanente movimento. Exige uma democrática e argumentativa coalizão dos blocos: movimentos sociais, poder público, iniciativa privada e sociedade em geral.
Somadas todas as palavras dos muitos anos a fio o discurso político é insípido de possibilidades. Sua linguagem é sempre padrão de homem-patrão com interpretações carregadas de concepções hegemônicas. A rigor um figurino similar para personagens diversificadamente iguais.
A política alagoana carece de um quadro referencial de homens e mulheres que construam agendas permanentes como ferramenta de partilha do poder político e que traga como pré-requisito ações concretas, como meio de acesso aos serviços de saúde, educação, emprego e renda para a população menos assistida, dentre ela, o povo negro.
Qualquer pessoa que se candidate aos espaços de atuação nos parlamentos deve ser uma profunda conhecedora de sua terra e sua gente e ter como atributos a credibilidade, honestidade e seriedade.
Falando da questão da qualidade é urgente atrelar ao discurso de campanha dos e das postulantes aos cargos para a eleição de outubro de 2010 questões específicas que atendam a um contingente de 50% da população, que mesmo após 121 anos de trabalho livre continua excluída em uma nova escravatura contemporânea; a invisibilidade política.
A consciência da dignidade humana nasce da desconstrução e construção de novas perspectivas em que os muitos sujeitos de direito tenham liberdade de expressão para numa composição social exercitar caminhos uma sociedade livre, justa e solidária .
Dessa forma vale a pena cobrar, exigir,comparar a plataforma de campanha dos possíveis candidatos/candidatas e tudo isso deixa de ser verbo e passa a ser sinônimo de bom senso político.
E aí quem sabe se a gente não muda as regras do jogo?
Segundo Oliveira, Fátima: “O racismo, ao contrário do que muita gente alardeia, não é o mesmo que miséria ou pobreza. Discriminação, preconceito e opressão de classe são DIFERENTES de discriminação, preconceito e opressão de gênero ou de raça/etnia. Cada uma possui dinâmicas de surgimento e de operacionalidade que lhes são peculiares, logo nenhuma se funde, ou se confunde, com a outra, embora possam ser reforçadas quando se abatem sobre a mesma pessoa. Cada uma exige políticas específicas adequadas. Urge que o governo entenda, por sensibilidade ou por dever de ofício, que políticas universalistas são insuficientes para abolir o racismo. E seja determinado e lance as bases de uma revolução cultural que ressoe nos usos e costumes, nos mitos e nos ritos que sustentam o racismo. É improvável um país chegar a um futuro grandioso quando metade do povo está acuado pelo racismo. Superar o racismo é uma questão estratégica para o Brasil, logo não pode ser apenas um assunto dos negros, o que indica que órgãos de governo e políticas públicas para combate ao racismo não podem ser minimalistas e nem reedições de guetos”.
Sabemos que o racismo não será superado por decreto ou com a boa vontade de alguns. Sabemos dos entraves racistas estruturais e conjunturais, entretanto é preciso avançar rumo à democratização dos direitos do ser humano.
Já é hora do estado alagoano desvendar seus quilombos urbanos e cotidianos e fundamentar que cidadania também tem cor. A cor do compromisso cidadão!