A eleição de negros para altos cargos políticos ainda fere a asséptica regra social do exclusivismo étnico,provoca o debate acerca do binômio raça e poder e na contramão da história afirma a inclusão do povo negro na democracia participativa, discurso muito em voga na cartilha do segundo país mais negro do planeta.
Conheci Luiz Alberto, um dos fundadores e militantes do Movimento Negro Unificado (MNU), da CUT – Central Única dos Trabalhadores, petroleiro, Secretário de Promoção da Igualdade Racial da Bahia e atualmente deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores da Bahia, em Brasília.
Tempos depois o reencontrei na Bahia em outra atividade do movimento negro, da qual era palestrante.
Luiz Alberto faz parte de um ínfimo número de parlamentares da Câmara Federal que exercita uma consciente costura crítica e política que interpela, propõe, manifesta, colocando em seu abecedário de parlamentar federal a militância pelas questões raciais.
Luiz têm consciência e assume sua identificação étnica: é afirmativamente negro. Certamente resultado da herança de sua experiência como homem negro sobrevivente, no país miscigenado.
Primeiro deputado federal negro eleito pela Bahia, na década de 90, em 1997 Luiz Alberto é um parlamentar comprometido com as reivindicações dos movimentos negros. Sua eleição encurtou, simbolicamente, a distância que separa negros do poder.
Em 2008, convidamos o então Secretário de Promoção da Igualdade Racial, da Bahia Luiz Alberto para ministrar a palestra sobre o tema Racismo Institucional: Promover a Igualdade ou Eliminar as Diferenças?” no I Fórum Nacional da Consciência Negra na Educação: Iká Kô Dogbá: Os Dedos Não São Iguais” ocorrido na cidade de Maceió, de 28 de fevereiro a 1 de março.
Sua palestra superou todas as expectativas. Foi entusiasticamente aplaudido pelas cerca de 400 pessoas, entre educadores, representantes de movimentos sociais e organizações governamentais e não-governamentais que trabalham com a temática.
O discurso político de Luiz Alberto passa longe de ser inócuo ou se perder entre a decantada miscigenação e a ideologia do racismo “benigno”.
Contundente no que diz foi enfático em seu discurso “Racismo e Institucionalidade”, no Fórum Social Mundial Temático – BA (FSMT), no último dia 29 desse mês, no Hotel da Bahia, em Salvador: “Apesar de alguns avanços, especialmente em termos de institucionalização do enfrentamento à questão racial, encontramos inúmeros desafios. A discriminação institucional é um dos maiores problemas para eliminação das desigualdades raciais. A promoção do racismo institucional não permite que as políticas sejam aplicadas de forma igualitária”.
Luiz Alberto, o deputado federal usa a prerrogativa dada por seu estado para promover uma ampla leitura política das desigualdades raciais. Quantos parlamentares em Alagoas o fazem?
Luiz Alberto um personagem vestido com uma produtiva biografia de luta. É um exemplo de parlamentar negro que rompe com o exílio do ideal igualitário e étnico nos espaços do poder.
É um personagem que merece receber um Diploma de Honra ao Mérito por permanecer fiel a seus valores: o de não esmorecer de lutar, em nome da população negra, por uma política de estado para promoção da igualdade racial.
O Racismo reduz a liberdade humana!
Deputado, os meus respeitos!

Raízes da África