O Haiti é um país minúsculo, ocupa metade de uma pequena ilha do tamanho do estado de Alagoas. A minúscula ilha lembra a cabeça de um caimão, crocodilo também pequeno de boca aberta como a devorar a exclusão que o mundo internacional impôs a ilhazinha.
A ilhazinha é nossa Serra da Barriga, lá também milhares de escravizados assumiram a liberdade humana como missão de fé e consciência.
No dia 12 de janeiro de 2009, o Haiti foi devastado por um terremoto que mediu 7 pontos na escala Richter causando, segundo se calcula, cerca de 75.000 mortes e afetando a vida de 3 milhões de pessoas.
O Haiti fica localizado em uma falha geológica e isso cria uma grande vulnerabilidade quando ocorrem alterações climáticas, como esse terremoto que abriu brechas na terra e trouxe para os holofotes midiáticos todos os hiatos que separam o Haiti de se tornar uma nação soberana. Os impérios do mundo não admitem negros e independência. Admitem sim a pobreza desesperada, recombinando fragilidades com furacões políticos e agora com o terremoto.
A profundidade das estratégias racistas que se abatem sobre a história política e social do Haiti, conseguiram transformar um desastre natural em desgraça humana para o povo que assume com altivez a história e memória dos ancestrais africanos.
Há 200 anos negros no Haiti ousaram promover uma tempestade de ideais e idéias e se fez a primeira revolução de escravos nas Américas em 1804 e agora esses ousados revolucionários cobram a participação de cada um de nós na reconstrução do seu “status quo” como cidadãos e cidadãs do mundo.
Em todo o mundo vai ganhando força a mobilização de pessoas, ONGS,entidades, instituições governamentais que se organizam somando forças e formas de ações para investir em captação de recursos para o país devastado.
É chegada a hora dos governos,em suas diferentes esferas de poder ,em parcerias com outras instituições agirem de forma mais efetiva face às nossas responsabilidades a nível internacional.
É preciso que o estado de Alagoas estabeleça um protocolo de intenções humanitárias com os nossos irmãos africanos do Haiti e quebre essa cortina de silêncio que se abate sobre a máquina estatal em relação à tragédia.
Promover uma logística de comunicação de massa, divulgando informações que orientam e as formas de ajuda permite que novos e diversificados sujeitos sociais possam se agregar mais rápido ao processe humanitário que será de uma extrema ajuda para o Haiti.
“Segundo Edna Roland, Coordenadora da Igualdade Racial da Prefeitura de Guarulhos, Fundadora e Presidente de Honra da FALA PRETA! Organização de Mulheres Negras, Relatora Geral da III Conferência Mundial Contra o Racismo, membro do Grupo de Especialistas Eminentes das Nações Unidas para o acompanhamento da implementação do Programa de Ação de Durban. Em Guarulhos/São Paulo, o governo municipal começou nesta terça-feira 19/01 um planejamento estratégico sobre as ações que serão realizadas. O FIPIR-São Paulo, Forum Intergovernamental de Políticas de Igualdade Racial mobilizará pelo menos 23 cidades do Estado de São Paulo. A CONE - Coordenadoria do Negro na capital São Paulo está também avaliando o que é possível fazer.
Ainda segundo Edna: É importante que cada um(a), onde estiver, avalie o que é possível ser feito. Somos 190 milhões de brasileiros, se cada um doasse apenas 1 real, arrecadaríamos 190 milhões de reais, mais do que os 100 milhões de dólares doados pelos Estados Unidos.
O Banco do Brasil está arrecadando recursos para a Embaixada da República do Haiti através de todas as suas agências, caixas eletrônicos e também pela internet, na seguinte conta:
Banco do Brasil Código do banco: 001
Agência: 1606-3
Conta corrente: 91000 - 7
CNPJ: 04 170 237/0001-71
A Caixa Econômica Federal também lançou uma campanha de ajuda às vítimas do terremoto no Haiti. Os depósitos podem ser realizados em toda a rede da instituição.
As doações serão encaminhadas para o Programa Mundial de Alimentação (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU) e para o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assistência Humanitária.
Os dados da conta da Caixa para doação são:
Agência 0647, Operação 003, Conta: 600-1 em nome do PNUD - Haiti.
Não existe valor mínimo para as doações. “O primeiro depósito na conta aberta pela Caixa foi realizado, em Brasília, com a presença da presidente, Maria Fernanda Ramos Coelho, e o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Eduardo Gutierrez.”
O padrão de extremo empobrecimento do povo negro do Haiti, a fragilidade da infraestrutura do país e o terremoto que mediu 7 pontos na escala Richter demonstraram ao mundo o jogo de disputa político-ideológica pelo território dos nossos ancestrais africanos e, é preciso que os diversos segmentos organizados da sociedade civil participem para a criação emergencial de uma cultura pública do investimento solidário ao povo do Haiti.
Um povo de uma coragem e ousadia sem precedentes. Coragem em cultuar a memória e tradições da primeira república negra proclamada no mundo.
Assim como o grande referencial do quilombo dos Palmares, aqui na Serra da Barriga, em Alagoas.
Esperemos que o estado alagoano dentro da sua organização política crie estratégias de comunicação para ajudar ao povo irmão do Haiti, seguindo os exemplos do Arcebispado de Maceió e do 59º BIMtz do Exército.

Raízes da África