O presídio Baldomero Cavalcante atualmente abriga três conhecidos ex-militares, acusados de integrarem a gangue fardada em Alagoas. O ex-coronel Manoel Cavalcante, o ex-cabo Everaldo e o ex-sargento Raimundo Edson da Silva Medeiros, que retornaram ao Estado e podem esclarecer crimes cometidos há quase 20 anos, como o assassinato do delegado Ricardo Lessa e ainda, do cabo José Gonçalves da Silva Filho

De acordo com informações do intendente-geral do Sistema Penitenciário, Dário César, Manoel Cavalcante é mantido separado dos demais presos, inclusive dos dois ex-militares, que segundo o ex-coronel teriam planos de assassiná-lo. Cavalcante está na Ala 1, antes destinada a presos especiais. Mas, o intendente ressaltou que não há privilégios.

Já o ex-cabo Everaldo e o ex-sargento Medeiros estão juntos, em uma ala destinada a militares. Ambos estavam foragidos, mas tanto eles, quanto Cavalcante têm tido bom comportamento. “Um bom preso é aquele que obedece as regras da prisão,por enquanto tudo está tranqüilo” explicou Dário.

Na ala destinada a ex-militares que cometeram crimes existem no momento 12 presos, sendo o último a chegar o ex-sargento Medeiros, que já fugiu da superintendência da Policia Federal em Alagoas.

“Um vigia o outro, já que o juiz de execuções penais avisou a eles que se houver uma fuga nesta ala dos militares ele extingue o setor,mas o ex-coronel está isolado por causa dos riscos que afirma correr. Não nenhum tipo de contato entre os ex-militares, por medida de segurança”, contou o coronel Dário César.

Coronel Cavalcante

Em dezembro de 2009 o ex-coronel Manoel Cavalcante retornou a Alagoas para prestar novo depoimento ao juiz Mauricio Breda sobre a morte do Cabo Gonçalves, executado em maio de 1996, no bairro da Serraria, em Maceió.

O ex-coronel é considerado o maior arquivo vivo do Estado e era um dos principais responsáveis pela chamada gangue fardada, acusada de vários crimes, desde roubo de cargas a assassinatos nas décadas de 80 e 90.

Cavalcante ficou 14 anos preso fora de Maceió, sem regalias e passou por pelo menos dois episódios, onde quase morreu dentro da penitenciária. Mesmo contra todos os conselhos de familiares e amigos ele retornou a Alagoas

O coronel acusou os deputados estaduais Antônio Albuquerque e João Beltrão e também o deputado federal Francisco Tenório de participação intelectual no assassinado do militar.

Cabo Everaldo

O ex-cabo Everaldo Silva foi preso no dia 28 de dezembro de 2009 em uma chácara no Conjunto Eustáquio Gomes, na capital alagoana. Conhecido como "Amarelo", o ex-militar era procurado pela polícia, acusado de ter pertencido a gangue fardada. Ele tinha sido condenado a 33 anos de prisão, pela morte do delegado e irmão do ex-governador Ronaldo Lessa.

A polícia confirmou que sua prisão ocorreu após investigação do Serviço de Inteligência da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic). A operação que desencadeou a prisão do ex-militar contou com o apoio dos policiais do Tático Integrado do Grupamento de Resgates Especiais e do 10º Distrito Policial.

O ex-cabo estava em São Paulo com outra identidade quando uma tragédia envolvendo sua filha Eloá, que acabou morta pelo namorado revelou sua nova identidade. Ele foi reconhecido por um sinal que tem no rosto, mas conseguiu fugir do hospital onde tinha sido internado e chegou a prometer se entregar para a polícia, o que acabou não acontecendo.

Ele é acusado também de assassinar a ex-mulher Marta Lúcia Pereira, em Alagoas. Segundo Claudilene e Rita de Cássia, irmãs de Marta, a motivação para o homicídio teria sido "queima de arquivo". Marta teria descoberto que o ex-cabo era integrante da gangue fardada e tinha ido se encontrar com ele, para por um fim ao relacionamento, dias antes de desaparecer e ser encontrada morta.

De acordo com a Polícia Militar, das informações colhidas, há a confirmação de que o ex-cabo teria assassinado a ex-mulher, tanto por ela ter descoberto o envolvimento em ações criminosas quanto para evitar o pagamento de pensão para os filhos. No entanto, não há informação sobre o inquérito policial aberto para investigar a morte de Marta.

Sargento Medeiros

Conhecido como sargento Medeiros chegou à Maceió no último dia 5 de janeiro, vindo do Presídio Federal de Campo Grande/MS, onde estava desde agosto de 2008. Ele chegou em um voo comercial ao Aeroporto Zumbi dos Palmares, escoltado por agentes penitenciários federais e em seguida foi conduzido por agentes do Grupo de Ações Penitenciárias (GAP), com o apoio de três viaturas da Polícia Militar.

A transferência do ex-PM foi determinada pela 5ª Vara Federal de Execuções Penais de Campo Grande/MS, pois sua permanência na penitenciária federal atingiu o prazo determinado. Em 2006 ele conseguiu fugir da carceragem da Polícia Federal e dois anos depois foi recapturado, quando estava na casa de sua irmã no Tabuleiro do Martins, onde se escondeu no fundo falso de um armário.

Medeiros é acusado pelas mortes do assessor parlamentar Cícero Belém, do policial civil Robson Rui, de um promotor no Estado de Pernambuco, além do motorista da Prefeitura Municipal de Satuba, Carlos André. Em sua ficha existe ainda acusação de mais de 30 crimes em Alagoas e Pernambuco.