João Jorge, o Senador que a Bahia precisa e merece.

09/01/2010 15:25 - Raízes da África
Por Arísia Barros

As diversas manifestações de apoio a candidatura de João Jorge onde personalidades como Carlinhos Brown, Vovô do Ilê, Fernando Conceição, Netinho de Paula e outros demostra a maturidade que o povo baiano necessita para enfrentar os seus problemas dentro de uma ótica realmente transformadora e justa. Mas, também nos faz pensar no porque de só agora pensarmos nas instancias de comando desta terra mãe, conhecidamente negra. E da resistência de alguns segmentos, por vezes negros, com as possibilidades de mudança.
A face mais cruel do racismo brasileiro é a que impõe ao negro, por meio da dominação mental, o sentimento constante de derrota – a pior forma de escravidão -, fazendo acreditar que não podemos,que não merecemos, que não somos capazes, que não devemos. Em torno dessa construção aquele que aceita esse vaticínio também o deseja para outro, e quando alguém fere essa “lógica” o escravo mental o ataca. Incomoda-se, e discrimina. Como aceitar o avanço do outro, como aceitar a libertação se tudo que lhe disseram é que não era possível mudar. É nessa construção ideológica do Sec. XVII, que adentramos o Sec. XXI. E desta forma nos ausentamos de qualquer discussão acerca do poder. Somos vitimados pela escravidão mental que insistimos em manter. Dentro desse panorama nos afastamos das decisões políticas do país, dos partidos políticos, restando para poucos o movimento social como trincheira de luta. Fizeram-nos acreditar que somente por meio da cultura, da arte e da música poderíamos mudar a realidade do país. Esse é o terreno que “naturalmente” nos cabia. Conseguimos fazer uma verdadeira revolução cultural, mas, deixamos de pensar em política numa esfera macro. Ausentamos-nos dos partidos e hoje percebemos o erro. O que seria do Mandela, do Lula e do Obama se não fosse a estrutura dos partidos? Nenhum dos atuais senadores da Bahia tem mais legitimidade para representar esse Estado do que João Jorge. A não ser pela velha forma “democrática” que historicamente exclui qualquer possibilidade de mudança na nossa estrutura colonial. João Jorge. Um ex-caixa de supermercado, ex taxista, ex-funcionário do pólo petroquímico que nos últimos 30 anos a frente do Grupo Cultural Olodum vem lutando para transformar esse país numa nação justa para negros e brancos.
Nenhum senador baiano possui uma historia tão dedicada a democracia, aos diretos humanos, a educação, a cultura quanto João Jorge. Nenhum dos senadores deu uma contribuição tão valorosa para essa terra como fez o líder do Olodum. Um visionário que pensou a luta pela autonomia econômica negra como algo necessário e possível (a casa do carnaval é um exemplo disso), chamou a atenção para a necessidade de proteção e respeito as religiões de matriz africana, assim como, a promoção da paz entre as religiões (o seminário Você Sabe a Cor de Deus é um exemplo disso) , por meio dos temas dos carnavais, saídos da sua cabeça, falou da História do continente africano e dos negros pelo mundo, muito antes de criarem uma lei para isso. Na constituição baiana de 1989 construiu um capitulo inteiro referente ao negro, garantindo para as gerações de hoje muitos avanços. João Jorge aprendeu a ler para ajudar os seus camaradas, como diz a bela música da Maria Betânia. Mestre em direito público, professor universitário (UNB), um intelectual que conhece muito bem o seu povo e a estrutura do Estado. Brigou, acertou, errou, mas quem não erra? Por isso, e tantas outras coisas que a candidatura e eleição de João Jorge têm que se tornar uma realidade. Desejada por todos e todas que sempre lutaram contra o atraso nesse Estado. Em 2010, você tem a chance de dizer NÃO! a escravidão mental, você tem a chance de mostrar ao país que a Bahia realmente esta mudando, elegendo o seu primeiro senador negro. Um senador com a cara e o jeito dessa terra.
 

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