O Brasil/Alagoas ainda atravessa a rua quando encontra África!\"

08/01/2010 21:28 - Raízes da África
Por Arísia Barros

 

A Escola como espaço geográfico de interação social é um verdadeiro mosaico humano, onde a diversidade de comportamentos, culturas, etnias e religiões se interligam e se desconectam quando da negação institucional de tudo que vai de encontro ao padrão instituído, ou socialmente aceitável.
Cabe a escola criar em seu currículo vitae, uma memória das identidades sociais, em nome da construção do respeito à diversidade, leia-se aplicabilidade da Lei nº 10.639/03.
Uma memória dinâmica em que haja consolidação de espaços para as possibilidades de leitura e releitura do mundo, numa proposta de reinvenção do conhecimento. O desencontro com o conhecimento gera a ignorância dos fatos, da história, do ser, daí surgem os preconceitos.
E nesta ausência de novos paradigmas que a escola deve intervir, sabendo que é possível a partir das muitas intervenções pedagógicas, educar para a inclusão. Ou se educa para inclusão ou estamos criando uma pedagogia traumática e negativa que traz a tona o elemento do “ diferente versus desigual”.
A ideologia da cultura escolar contemporânea trabalha com um padrão de “normalidade” e ‘igualdade” que exclui e tolhe a liberdade de crença dos que se expressam fora do padrão instituído de normalidade.
A unidade do pensamento eurocentricamente ideológico da sociedade contemporânea inviabiliza o real conhecimento, dimensão, importância e o entendimento de que no sangue do povo brasileiro-independente da cor da pele- circula uma ancestralidade com valores e tradições negras, dentre eles, a religião. A religião foi uma das grandes contribuições que o continente africano e sua descendência em terras brasileiras trouxeram para a história e a cultura do Brasil- segundo país negro do mundo.
E como a escola “vive” o universo da diversidade humana em suas crenças e tradições?
O preconceito racial muda a vida das pessoas de várias maneiras, estabelecendo relações humanas tensas e conflituosas, gerando a massificação dos estereótipos e a cultura da intolerância, da auto-negação e das angustiantes inquietações hameletianas: ser ou não ser, eis a questão!
O racismo se transfigura em manifestações pessoais e expressões coletivas criando certa esquizofrenia social.
É preciso render-se ao desafio proporcionado pelo convívio com a cultura africana e o conhecimento múltiplo de quem esteja disposto a aprender e a ensinar. A Lei Federal nº10.639/03 mudou os parâmetros da educação pública, criou uma conversa íntima com as diversas histórias, substantivou as possibilidades de enriquecimento curricular; mas, o Brasil/Alagoas ainda atravessa a rua quando encontra África!"

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