O JOGO DA IDENTIDADE NA DIVERSIDADE:QUEBRA-CABEÇA GIGANTE

05/01/2010 18:57 - Raízes da África
Por Arísia Barros

Essa idéia surgiu, em setembro de 2006, quando Eu e Ana Márcia Cardoso pensamos em criar novas propostas de alfabetizar meninos e meninas com a ótica da diversidade étnica, embasada na Lei nº 10.639/03. O jogo foi aplicado em uma escola da capital a receptividade foi positiva, afinal usamos a brincadeira do montar quebra-cabeça. Após a realização fizemos algumas observações para adaptá-lo. Segue a sugestão. Se servir como objeto de estudo em sua sala de aula, que bom, e caso o faça não deixe de nos enviar suas considerações.

Justificativa:
Esta oficina se justifica pela necessidade de discutirmos as questões étnico-raciais que estão intimamente relacionadas às questões sociais. Buscando, a partir da reflexão da nossa origem, a construção/valorização da nossa identidade, enquanto povos miscigenados, para o respeito às diferenças.
A oficina será desenvolvida a partir das vivências criadoras de meninos e meninas, ampliando laços afetivos e enredamento com uma nova postura social onde todos (as) e cada um (a) têm direito a construção da auto-imagem positiva que evidenciem a identidade cultural, a interação entre diferentes e participação solidária e cooperativa na comunidade, na verdade criaremos um grande espaços físico e emocional para que meninos e meninas possam partilhar seus saberes com elaboração de falas e textos, em condição de igualdade na coletividade. Utilizaremos a linguagem das artes para contar, pintar,dançar,expressar-se na promoção de dinâmicas de sensibilização e integração grupal.
Na entrada vamos plantar a árvore de expectativas. Cada menina/ menino terá a sua disposição um pedaço de papel e caneta onde escreverá ou verbalizará uma palavra que expresse sua expectativa e colará na árvore-mural.
Objetivo:
Trabalhar a questão da miscigenação do povo brasileiro, enfocando a chegada de vários povos durante o processo de colonização;
Enfocar a questão dos negros/ quilombos durante esse processo, em especial o Quilombo dos Palmares.

Materiais necessários:
Quebra-cabeça: folhas de papelão com cores variadas (ou pintadas no verso com giz cera, para não misturar as peças dos mapas); mapas (África, Europa, Brasil e Alagoas); cola; tesoura; lápis; borracha; envelopes ou caixinhas para cada quebra-cabeças.
Móbiles: bonecos plásticos; cordão; cola, tesoura; tintas (preta, branca, marrom); retalhos de tecidos ou TNT.

Como confeccionar:
Em virtude da oficina está direcionada para crianças, algumas delas sem jamais ter freqüentado o ambiente da escola, vamos confeccionar os quebra-cabeças previamente.
O primeiro passo é colar os mapas nas folhas de papelão. No verso (com cores diferentes) traçar as linhas, formando as partes do quebra-cabeça. Por último, recortar as partes e guardar no envelope/caixa.

Como jogar:
A proposta desta oficina é trabalhar de uma forma extremamente lúdica. Cabe a quem for administrar o processo da oficina transformá-lo em momentos do ‘brincando e conhecendo” .
Teremos 04 jogos de quebra-cabeça gigantes. O primeiro representará um mapa do continente europeu, o segundo do continente africano, o terceiro o mapa do Brasil e o quarto o mapa de Alagoas. Para contextualizar usaremos móbiles dos povos originários destas localidades.
Uma das primeiras regras do jogo é a divisão das crianças em 04 grupos para que cada grupo selecione, e monte o quebra-cabeça. Aqui estaremos trabalhando a concentração mental dos maiores e a coordenação motora dos menores.
Após a montagem vamos novamente pedir a cada grupo que descreva o que foi montado, com perguntas simbólicas: o que lembra este desenho? Se ficar difícil algumas dicas podem servir de estímulo.
Chegamos ao mote de começar a trabalhar as diferenças conceituais: um estado é diferente de um país que se diferencia de um continente, portanto existem as diferenças em formas, tamanhos, espaços,pessoas.
Agora vamos conhecer os habitantes do continente. Vamos confeccionar os móbiles, pedindo aos grupos que descrevam como eles imaginam as características dos povos mostrados, para caracterizá-los.
No continente africano como vocês acham que são as pessoas?
No continente europeu/. No Brasil trabalharemos, principalmente, com a questão das três etnias, que deram origem a miscigenação e em Alagoas pontuaremos a origem dos quilombos.
Ao descrever os povos dos dois continentes faremos uma rota giratória, com as crianças representando móbiles vivos e falando do encontro das diferenças.
É a partir da brincadeira que buscaremos levantar os conflitos comuns, as diferenças, as limitações, criando uma base para formular conceitos sobre as diferenças entre as pessoas, mostrar que somos diferentes sim, afinal viemos de lugares diferentes, origens/famílias diversas, entretanto precisamos criar espaços, primeiro dentro da gente, para respeitar e amar as nossas diferenças e as que existem nas outras pessoas. Reforçar sentimentos como o compartilhar, a solidariedade e principalmente o respeito à humanidade contribuindo de uma forma lúdica para combater o racismo e as discriminações que atingem particularmente crianças e jovens negros e negras, ao mesmo tempo preservando e promovendo a identidade étnica, os valores sociais e éticos.
Avaliação
Cada participante individualmente ou em grupo escreverá ou verbalizará uma palavra, em triângulos de papel, que possa definir seu sentimento ao final da oficina. Os sentimentos-palavras serão colados em um sol-mural e socializados.
Relatório
Um relatório final deverá ser apresentado com as observações-análise do oficineiro/oficineira

 

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