O delegado-ouvidor da Polícia Civil da Bahia, Carlos Raimundo Dórea Amaral, foi morto a facadas na madrugada desta quinta-feira (31), na praia da Coroa, no município de Vera Cruz (BA). Meia hora após o crime, a polícia prendeu Adailton Maia dos Santos, sob a acusação de ter desferido pelo menos dez facadas no delegado.
De acordo com a Centel (Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar), Adailton Maia e Carlos Raimundo Dórea estavam conversando em casa quando iniciaram uma discussão. Depois de golpear o delegado com uma faca de serra, Adailton Dórea chamou a polícia e alegou que o delegado havia sido atacado por um assaltante. Na delegacia, durante o depoimento, o suspeito caiu em contradição e confessou o crime, de acordo com a Polícia Civil.
Carlos Raimundo Dórea chegou a ser encaminhado ao Hospital Geral de Itaparica e, em seguida, foi transferido para o Hospital São Rafael, em Salvador, mas não resistiu aos ferimentos.
Crescimento da violência
A morte do delegado confirma o crescimento da violência na Bahia durante o período natalino. Do dia 24, véspera do Natal, até o dia 30 de dezembro pelo menos 78 pessoas foram assassinadas no Estado, de acordo com levantamento feito pela Polícia Civil nas principais cidades do Estado - um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.
Por determinação do governo estadual, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) impõe uma série de condições para divulgar as estatísticas oficiais - exige que os pedidos de informações sejam encaminhados pelo e-mail e demora em responder. No entanto, somente em Salvador e região metropolitana foram registrados 1.952 assassinatos entre janeiro e novembro - este mês, em média, foram mortas seis pessoas por dia.
Do total de mortos, 22 eram policiais. Na Bahia, com medo de serem reconhecidos, os policiais não andam fardados em ônibus ou nas imediações de suas residências. "A maioria de nós mora em bairros que têm elevados índices de violência. Então, tomamos todas as medidas para não sermos reconhecidos. Aliás, andar fardado na Bahia é ser um alvo constante dos marginais", disse um soldado. Para evitar os ataques aos policiais, o governo praticamente desativou todos os postos instalados em Salvador e região metropolitana. Segundo o secretário da segurança Pública, César Nunes, nos postos os policiais eram "alvos fixos dos marginais". Após a desativação, a PM passou a intensificar a ronda nos bairros.