Foi preso no início da tarde desta segunda-feira (28) em uma chácara localizada no Conjunto Eustáquio Gomes, parte alta da capital alagoana, o ex-cabo da Polícia Militar, Everaldo Silva. Conhecido como "Amarelo", o ex-militar era procurado pela polícia acusado de ter pertencido a gangue fardada e tinha sido recentemente condenado a 33 anos de prisão pela morte do delegado e irmão do ex-governador Ronaldo Lessa.
A polícia confirmou que sua prisão ocorreu após investigação do Serviço de Inteligência da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic). A operação que desencadeou a prisão do ex-militar contou com o apoio dos policiais do Tático Integrado do Grupamento de Resgates Especiais e do 10º Distrito Policial.
De acordo com o agente do Deic, Rufino, após a prisão o ex-cabo está sendo encaminhado para a sede da Delegacia Geral da Polícia Civil, no bairro de Jacarecica. "A polícia já vinha trabalhando para localizar Everaldo e hoje conseguimos prendê-lo nessa chácara", disse o agente.
Ainda não informações de quanto tempo Everaldo está em Maceió. O ex-cabo estava em São Paulo com outra identidade quando uma tragédia envolvendo sua filha Eloá, que acabou morta pelo namorado revelou sua nova identidade.
Everaldo fugiu novamente, desta vez do hospital que tinha sido internado e chegou a prometer se entregar para a polícia, o que acabou não acontecendo. Ele é acusado também de assassinar a ex-mulher Marta Lúcia Pereira, em Alagoas.
Segundo Claudilene e Rita de Cássia, irmãs de Marta, a motivação para o homicídio teria sido "queima de arquivo". Marta teria descoberto que o ex-cabo era integrante da gangue fardada e tinha ido se encontrar com ele, para por um fim ao relacionamento, dias antes de desaparecer e ser encontrada morta.
De acordo com a Polícia Militar, das informações colhidas, há a confirmação de que o ex-cabo teria assassinado a ex-mulher, tanto por ela ter descoberto o envolvimento em ações criminosas quanto para evitar o pagamento de pensão para os filhos. No entanto, não há informação sobre o inquérito policial aberto para investigar a morte de Marta.
A delegada Luci Mônica Rabelo, diretora de estatística, informática e armas da Polícia Civil de Alagoas, ouviu o depoimento das irmãs de Marta Lúcia, em Pilar (AL). Rita de Cássia e Claudilene Vieira, irmãs da vítima, já haviam anunciado a disposição em colaborar no inquérito sobre a morte.
Luci afirma que a morte de Marta Lúcia foi cruel. Everaldo é o único suspeito, segundo a delegada, pois foi o último a ser visto com a vítima.
Durante o depoimento, as irmãs disseram que o corpo de Marta Lúcia foi encontrado partido ao meio num corte horizontal, como se dividido em dois. A cabeça foi carbonizada e o pescoço tinha sinais de enforcamento.
"Eu me assustei com o que ouvi. É uma monstruosidade sem fim", afirmou a delegada.
Entrevista com o advogado
Uma semana após a condenação de Everaldo Silva o Cadaminuto falou com exclusividade com o advogado que o defendeu no caso, e que tinha atuado em todos os outros processos da gangue fardada, Giva Lisboa.
Lisboa contestou a sentença dizendo que o juiz Geraldo Amorim apenas levou em consideração os agravantes e não os atenuantes, que poderiam ter feito com que a pena fosse menor. Segundo o advogado, os dois são réus primários, tinham emprego e residência fixa.
“As pessoas falavam que eles tinham muitos crimes, mas nenhum constava nos autos desse processo. Para comprovar isso, temos as fichas criminais dos dois”, frisou o advogado.
Givan disse ainda que o caso envolve situações bem mais graves e que não gostaria de revelar nada a este respeito mas propôs a equipe de reportagem uma releitura do resultado da CPI da Pistolagem, onde alguns nomes importantes da política alagoana aparecem.
Veja o vídeo abaixo onde Everaldo passa mal após presenciar a negociação da polícia na tentativa de liberar sua filha e acaba desmascarado pelas câmeras.