Os policiais do Setor de Roubo a Bancos da Divisão Especial de Investigações e Capturas – DEIC, que se envolveram no tiroteio na tarde dessa sexta-feira com supostos assaltantes de banco no estacionamento da agência do Banco do Brasil, localizado na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol, em Maceió, podem responder um inquérito administrativo na Corregedoria da policia Civil por colocarem a vida de inocentes em perigo.
Os policiais relataram que foram informados que um grupo de supostos assaltantes estava se preparando para assaltar clientes que chegassem à agência e que alguns caixas eletrônicos seriam arrombados.
Devido a um número reduzido de policiais, os agentes solicitaram apoio de colegas que estavam de plantão na Casa de Custódia, localizada no bairro do Jacintinho.
Quando as equipes chegaram ao local, usando veículos descaracterizados, os policiais abordaram um motoqueiro que estava parado na porta do banco em atitude suspeita. No mesmo instante chegou um Palio de cor prata, ocupado por um casal de jovens.
Ao descer do veículo o casal, um médico e uma advogada, notou que na porta da agência estava uma mulher portando uma pistola e dois homens, também armados, conversavam com um motoqueiro.
Temendo se tratar de um assalto, o casal voltou correndo para o carro quando foram surpreendidos por um outro veículo que parou na traseira do Palio iniciando o tiroteio.
Testemunhas relataram que as pessoas que iniciaram o tiroteio estavam em um Fiat Uno, o mesmo que teria parado na traseira do Palio pertencente aos clientes do banco que ficaram durante alguns minutos no meio do fogo cruzado. O Uno pertencente a Polícia Civil.
Numa rápida manobra o casal conseguiu sair com o carro pela contra-mão, parando no posto Convém, onde pediram ajuda.
Na fuga, os policiais que pensavam que os dois jovens eram assaltantes, saíram em perseguição ao Palio, deflagrando mais tiros.
Parentes dos jovens foram ao local e criticaram a ação dos policiais dizendo que a vida de inocentes foi colocada em perigo.
Os policiais que foram para a Central de Polícia, onde foram ouvidos, se defendem alegando que a ação não foi desastrosa. "Recebemos uma denuncia e fomos apurar. Foi ai que os suspeitos chegaram e demos voz de prisão, mas eles atiraram em nossa equipe e revidamos, atingindo o veículo do casal que passava", disse um policial da Deic.
Frentistas do posto de combustível onde os jovens pararam o carro, que foi alvejado diversas vezes, disseram que foi uma verdadeira cena de terror, pois o casal gritava dentro do veículo pedindo socorro, enquanto que um homem desceu do Fiat Uno, sem se identificar, deflagrando vários tiros.
“Geralmente aqui no posto ficam viaturas da PM e sabe Deus o que poderia acontecer nesse momento se os militares estivessem aqui, disse um segurança de uma empresa terceirizada que presta serviço ao posto de combustível e que pediu para não ter o nome divulgado.
Ele acrescentou que ainda sacou a arma e tentou intervir, mas desistiu quando notou que outros homens armados, chegaram ao local e ai, foi que eles gritaram que eram da polícia.
Na Central de Polícia nenhum dos policiais de plantão quis falar a qual delegado os agentes da DEIC prestaram depoimentos. Por várias vezes a reportagem tentou contato por telefone com a delegada Ana Luiza Nogueira, responsável pelo Setor de Roubo a Bancos e com o delegado Paulo Cerqueira, diretor da DEIC. Mas nenhum deles atendeu as ligações.
O casal também foi ouvido na Central de Polícia e ao sairem do prédio não quiseram falar com os jornalistas. Já a mãe de um dos jovens, Carmen Padrines, disse que a família vai processar o Estado e que a ação da polícia foi desastrosa, tipica de amadores.
Durante a operação, duas pessoas foram presas, acusadas de fraudes. Os nomes dos presos não foram divulgados.