A prisão de 14 pessoas na última sexta-feira em uma operação denominada de Estanque pode ser o mais duro golpe que a polícia alagoana já deu no crime de pistolagem organizado, desde que os secretários Paulo Rubim e o diretor da Policia Civil Marcilio Barenco assumiram seus postos.

No início de 2008 a polícia já sabia do grupo que atuava, principalmente em Arapiraca, na área de roubo de cargas e pistolagem, sabia também do envolvimento de empresários e delegados arapiraquenses além da cooperação de um grupo político com mandato e o estopim de tudo isto teria sido a morte do filho do empresário Severino da Bananeira, o Igor da Bananeira em 2007.

Mas só que o episódio conhecido como a Chacina do Poções que vitimou o comerciante Cicero Pedro da Silva, o filho dele Edson da Silva de 14 anos e o motorista dos dois, o ex-agente penitenciário Rondinei Rodrigues Silva acelerou o processo.

O filho do comerciante morto Ednaldo Cicero da Silva, o Nem, que na verdade seria o alvo da chacina, tratou de iniciar uma caçada para pegar os responsáveis pela morte de seus pai e irmão e menos de 24 horas após a chacina matou o empresário Mario Jorge Santana Filho, genro de Severino da Bananeira e suposto amigo do pai de Nem e que teria ido ao velório para prestar solidariedade.

A polícia acelerou uma operação para evitar um banho de sangue,pois outras quatro mortes se seguiram e outras iriam acontecer já que Nem tinha a proteção de uma pessoa importante na estrutura do crime organizado, ele chegou a ser preso por um derrame de notas falsas e tinha envolvimento no desmanche de veículos encontrado na Fazenda Humaitá, em Satuba, em um terreno que tinha sido arrendado pelo irmão do delegado Roberval Davino, que tinha acabado de sair da secretaria de segurança pública na época.

A operação Tamaron, desencadeada em setembro de 2008 prendeu entre outras pessoas, a ex-viúva de Severino da Bananeira, Lúcia, dois delegados da Policia Civil, Cicero Torres, hoje a frente da delegacia de Jaramataia e Gilberto França, que morreu em um acidente de carro e mais empresários e policiais da região como Branco do Cigarro, Sandro da Bebida, Ronaldo, e os policiais civis Alexandro Supla e Alberto. Além deles, também foram detidos o cabo do Corpo de Bombeiros Palmeira e o policial militar Adilson Santos.

A maioria destas pessoas foi solta pela Justiça e o Ednaldo Cicero da Silva nem chegou a ser preso pois foi avisado sobre a operação, o próprio Ednado chegou a ser detido com uma pistola 9mm em Feira Grande alguns meses depois mas foi misteriosamente liberado.

Com a soltura da maioria dos envolvidos os crimes continuaram a acontecer e um novo grupo se reorganizou, o Nem que passou um tempo escondido em São Paulo, voltou e andava com tranquilidade em Maceió e Arapiraca.

Além de praticamente ter terminado sua vingança, Nem começou a trabalhar novamente no agenciamento de assassinatos e no roubo de cargas e é considerado mais um arquivo vivo que está nas mãos da polícia.

Ele conhece de dentro a estrutura das organizações que comandam a muito tempo crimes, assaltos e roubos de cargas na região do Agreste. A apreensão de uma pistola .40, pode levar a polícia a solucionar vários crimes no Estado.

Além de não ser um calibre usualmente utlizado o exame de balística na arma apreendida pode trazer surpresas em várias investigações de crimes no Estado. “Não estou dizendo que foi, mas o político do PT morto em Campo Alegre foi executado com uma .40” disse o secretário Paulo Rubim.
 

Um delegado ouvido pelo Cadaminuto dá bem a idéia do que pode vir com os depoimentos dos presos na Operação Estanque. " Vamos deixar claro como a família Bananeira conseguiu boa parte de sua fortuna" explicou ele. E este pode ser apenas o começo...