Próxima terça-feira, 15 de dezembro de 2009, quando o ex-coronel Manoel Cavalcante se sentar a frente do juiz Mauricio Breda e começar a falar tudo que já disse em um DVD sobre a morte do Cabo da Polícia Militar José Gonçalves da Silva Filho, o Cabo Gonçalves, executado em maio de 1996, no bairro da Serraria, em Maceió,a história de Alagoas pode estar ganhando um novo capítulo.
Cavalcante é considerado o maior arquivo vivo de Alagoas, era ele um dos principais responsáveis pelo grupo que foi chamado de gangue fardada e que de acordo com as entidades de direitos humanos foram responsáveis por quase uma centena de crimes, nas décadas de 80 e 90, sempre a mando de coronéis e políticos poderosos.
A importância de Cavalcante foi aumentando à medida que seu patrimônio, sempre incompatível com sua renda, também foi crescendo e ele resolveu deixar de ser apenas um empregado para se tornar protagonista, se candidatando a deputado estadual, é a isto que ele se reporta aos amigos e mais chegados para explicar sua prisão.
Cavalcante passou 14 anos preso fora de Maceió, sem regalias e passou por pelo menos dois episódios onde quase morreu dentro da penitenciária, mas está de volta,mesmo contra todos os conselhos de familiares e amigos que não o queriam em Maceió.
O Cadaminuto ouviu há pouco tempo o ex-advogado de Cavalcante e da Gangue Fardada, Givan Lisboa e ele foi claro quando disse que o ex-coronel era um retrato do que foi, que tinha perdido seu poder, sua confiança, chegou a afirmar que ele era um homem doente mas não deixou de mostrar preocupação com o que poderia fazer Cavalcante.
“É claro que ele sabe muita coisa, mas ele guardou silêncio por muito tempo, mostrou que é um homem, mas mesmo assim se eu fosse o Cavalcante, se ele quisesse alguns anos de vida em liberdade, pegaria uma passagem só de ida para bem longe de Alagoas e se possível do Brasil” explicou o delegado.
O Cadaminuto apurou ainda que não é a primeira vez que Cavalcante quis falar, mas só desta vez ele confia no juiz e na polícia, tanto que a escolta do delegado Marcilio Barenco foi um pedido pessoal seu, e que o assassinato do Cabo Gonçalves é apenas o primeiro caso em que ele vai contribuir.
“Teremos novidade sobre o caso Silvio Viana, sobre o caso Dimas Holanda e sobre outros casos que estão esquecidos pela polícia,é grande o temor pela segurança do ex-coronel,mas posso dizer que ele não é o único trunfo da polícia e da Justiça para por os responsáveis por estes crimes na cadeia” explicou um delegado ouvido pela reportagem.
O coronel Cavalcante vai dizer o que pelo menos outras duas pessoas disseram em depoimentos ao juiz Mauricio Breda, o crime do Cabo Gonçalves foi planejado na fazenda do deputado Antonio Albuquerque, com a presença de Francisco Tenório, que teria emprestado a logística e do deputado João Beltrão, que seria o principal interessado pela morte.