A Igualdade só acontece quando estruturas são rompidas. Muitas vezes é preciso desafiá-las.

30/11/2009 20:22 - Raízes da África
Por Arísia Barros

A senhora representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) na comissão organizadora nacional da conferência de comunicação faz a cobrança em uma celebração de cumplicidade com a geografia da exclusão étnica: E aí professora eu estou te cobrando porque a senhora não mobilizou o movimento negro?
Quantas Áfricas cabem no Brasil?
O diálogo se deu durante uma reunião na Conferência Estadual de Comunicação em Alagoas. Se o questionamento tivesse surgido da necessidade de ocupação de espaços de oportunidade, como ativista do movimento negro teríamos proposto o estabelecimento de uma pauta política para discussão sobre esses vazios, entretanto a pergunta envolvia disputa de espaços de poder para a ‘legitima” representação de outros segmentos.
A proposta não era somar e sim asfixiar com o argumento da representação minoritária a participação do segmento negro na conferência nacional. Era o discurso político para agradar o fiel da balança. Eram cotas sendo estabelecidas. Cotas que queriam nos deixar de fora por conta de erros organizacionais tirando o quinhão que nos cabia nesse latifúndio de soberba e estocadas sutis.
A igualdade só acontece quando estruturas são rompidas. Muitas vezes é preciso desafiá-las
Alguns até tentaram minimizar a polêmica falando em mal entendido. É na verdade, o racismo é um mal entendido do velho colonialismo nacional que condescendente continua a perceber negros como “personagens” subalternos na correlação de forças políticas, balbuciando a linguagem do ‘sim sinhá’, “sim sinhô, fortalecendo as regras de humildade, obediência e fidelidade dos séculos de escravidão nas relações humanas.
Temos um racismo antropofágico demorado e obstinado que inquietantemente sobrevive entre os corredores sociais dos diversos níveis, escalas e valores, ativando o colaboracionismo ideológico da sociedade com o estado na busca de salvaguardar e compartilhar o espaço do eterno proprietário.
O racismo no Brasil é assim torna a sociedade interprete de um discurso memorialista que tem mais de 500 anos, remetendo a uma época que recupera em detalhes todo conceitual de invisibilidade, inferioridade e a descatabilidade palatável do povo negro.
Nós que ousamos assumir uma causa desprovida de filiação partidária vivemos isolados em uma ilha inóspita, incomodamos, pois ao quebrar as normas prescritas ressuscitamos os hiatos da falácia que é a tal democracia racial cultuada no Brasil.
Um estado que possui um grande coeficiente da população constituída por afro descendente e mesmo assim mantém um projeto, feito cota única, de política de comunicação excludente, pensado pela etnia dominante, ao tempo que minimiza o protagonismo da população negra exercita cotidianamente a violência social, transformando-a em violência étnica.
E citando Mir “Até porque a política de organização social do Estado que rege e regulamenta a estruturada sociedade permite, estimula, legitima e mantém diferentes formas de violência’.
É preciso enfatizar que a comunicação contemporânea ainda imprime a imagem tradicional ligada ao passado colonial estigmatizando uma periferia negra com história empobrecida e vazia de valores.
A 1ª Conferência Nacional de Comunicação chega em boa hora para que possamos quebrar os silêncios e traçar novos enredos de experimentação, estabelecendo a articulação mobilizadora e participativa do movimento negro.
E apesar da moça lá de cima, vamos á Conferência como representante do movimento negro alagoano.
E que Oxalá nos guie!
Os representantes eleitos da Sociedade Civil foram:
ENTIDADE TITULAR SUPLENTE
CUT ALAGOAS EMANUELLE VANDERLEI JOSÉ CÍCERO DA SILVA
CRP-15 DENISE MOREIRA DILMA LACERDA
TV COM LUTERO RODRIGUES ROBSON SARMENTO
ABRAÇO PAULO MESQUITA MARCELINO FREITASNETO (ABRP)
SINDJORNAL VALDICE GOMES FLÁVIO PEIXOTO
ENECOS FRANCIMÁRIA RIBEIRO GUSTAVO MARINHO
MOVIMENTO NEGRO ARÍSIA BARROS JOÃO CORREIA
REGIÃO NORTE FLÁVIA MARIA DA SILVA JOSÉ ANTÔNIO DOS SANTOS
REGIÃO AGRESTE ITENIR PEDRO MIGUEL ALVES
REGIÃO SERTÃO ALDIR FERNANDO JOSÉ ANTÔNIO PINTO
REGIÃO METROPOLITANA JÚLIO ARANTES (ATRIZP) JASSON FERREIRA DE LIMA (AAI)
INTERVOZES ELIDA MIRANDA FRANCISCO BARROS COSTA
Pelo Poder Público, os representantes eleitos são:
ENTIDADE TITULAR SUPLENTE
IZP RICARDO TELES EDENILZA LIMA
MPF WLADYMIR LIMA RICARDO COELHO
SECOM MACEIÓ BÁRBARA SANTIAGO MARCELO FIRMINO

Os representantes eleitos dos Empresários, foram:
DELEGADOS TITULARES
1 Edson Soares Marcelino
2 Genilson Vinhas Batista
3 Elton Rodrigues dos Santos
4 Francisco Abud Nascimento
5 Luciano Ferreira de Lima
6 Luiz de Jesus Ferreira
7 Lavinia Guimaraes Mata
8 José Ronildo dos Santos
9 Tereza Cristina da Silva dos Anjos
10 Manoel Barbosa da Silva Souza
11 Marc Victor Carvalho Cabases
12 Edvan Luiz de Azevedo

DELEGADOS SUPLENTES
1 Andréia Almeida Verçosa
2 Ziara Monteiro de Queiroz
3 Quitéria Maria Gomes de Souza
4 Maxuel da Costa Vieira
5 Marcia Maria Coelho Pimentel
6 Sandra Santos de Souza
7 Marthony Silva de Holanda Padilha
8 Zilka Paiva Ténorio de Holanda
9 Ricardo José Cruz dos Santos
10 Leonardo da Fonseca Dias
11 Marcela Silva Pimentel Vilela
12 José Wagner Ribeiro

 

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