Está na hora deste país encarar uma verdade disfarçada há quatro séculos: quem paga a principal conta da desigualdade neste país é a mulher negra, o homem negro, o idoso negro, o jovem negro, a criança negra.

13/11/2009 21:28 - Raízes da África
Por Arísia Barros

A lei federal nº 10.639 sancionada em 09 de janeiro de 2003 e a Lei estadual nº6.814/07 surgiram como mediadoras na construção de um novo paradigma pedagógico-histórico. Tornou-se um elo de pertença social, possibilitou espaços para um povo descendente que busca a sua própria história dentro do romantismo da “riqueza da miscigenação brasileira”.
Um povo que “alforriado” agora enfrenta outros modelos de segregação; a do modelo econômico, domínio social e sistema político. Todos ancorados em princípios do colonizador, homem, branco, magro, cristão e heterossexual. O advento das leis significou a possibilidade de transformação real na estrutura curricular das escolas brasileiras. Significou o reconhecimento político da existência do Brasil etnicista, ao mesmo tempo em que legitimou as muitas geografias humanas em território brasileiro, revelou uma quebra de forças com a corrente nacionalista que busca a perpetuação da “nação” dominada por velhas ideologias colonizadoras. A lei para os puristas e “ingênuos sociais” representou um descarrilamento do político-ideológico. Rompeu a noção das classes dominantes. E essa mesma classe viciada aos 100% das cotas históricas sentiu-se violentada. As ações afirmativas quebram a lógica da ciência da dominação e expõem os limites da hierarquização do poder e parafraseando o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o Lula em 2003 “Está na hora deste país encarar uma verdade disfarçada há quatro séculos: quem paga a principal conta da desigualdade neste país é a mulher negra, o homem negro, o idoso negro, o jovem negro, a criança negra. É difícil abandonar a própria consciência depois que ela se instala, porque ela cresce, invade cada célula do corpo, questiona cada certeza. Ativa a nossa mente com respostas cada vez mais claras, até que um dia irrompe e vem à luz. E o nosso olhar sobre o mundo nunca mais será o mesmo”.

 

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