O racismo escraviza idéias contemporâneas e criminaliza 80 milhões de pessoas, ou seja, 46,2% da população brasileira.

13/10/2009 06:39 - Raízes da África
Por Arísia Barros

Passados 08 anos desde Durban/África do Sul quando da realização da 1ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância e chegando mais um novembro, o tradicional mês da consciência negra, ainda é incipiente a textura das ações sócio-políticas que ajudem a construir uma sociedade contra-hegemônica , em que o direito dos ditos deferentes sejam respeitados, dentre eles está os da população negra.
Dados fornecidos pelo IBGE em 2007, indicavam que em Alagoas, 47% das crianças analfabetas são negras e 27% pardas. Um relatório divulgado pela ONU destacava que em cada grupo de dez jovens entre 15 e 18 anos, assassinados no Brasil, sete são negros. Das 800 mil crianças sem registro civil, 70% são negras. Os índices de mortalidade infantil entre os negros somente são superados pelos índices observados na população indígena.
O combate à exclusão social que atinge a população negra no estado de Alagoas, considerado o estado campeão em desigualdade sócio-étnica, precisa sair da análise superficial marcado por lugares comuns de “erradicação da pobreza” e das colocações simplicistas de que “ao combater a pobreza, resolve-se o problema social do racismo”.
A quebra da geografia social do racismo necessita de ações concretas que se traduzam na adoção de políticas públicas centradas na diversidade étnica e na multiplicidade do povo alagoano.
Ao enfocar só os efeitos históricos da exclusão sócio-étnica do povo negro, o discurso oficial vigente despreza as conseqüências aniquiladoras do impacto do racismo na qualidade de vida do povo negro..
O racismo exclui,separa, tira oportunidades. O racismo escraviza idéias contemporâneas e criminaliza 80 milhões de pessoas, ou seja, 46,2% da população brasileira.
Gestores públicos precisam revisar o discurso oficial, do mês de novembro, para que o debate se faça possível: negro não é excluído porque é pobre, sobretudo por sua condição étnica.
O estado político alagoano precisa acordar para questões que envolvam o princípio da igualdade humana, estourando a bolha de inércia que o envolve no comprometimento político com a temática.
Basicamente, existem duas formas de se combater o racismo: distribuição de renda e educação. Discurso a gente deixa para depois...
O desafio é grande e apesar do apartheid que já persiste e insiste a mais de 500 anos é hora da gestão pública sair do campo das abstrações para a resolução de problemas concretos que minimizam a história e memória do povo negro.
O combate ao racismo é uma delas!

 

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