O delegado Isaías Rodrigues da regional de Santana do Ipanema disse a reportagem do Cadaminuto que não muda sua convicção de que o Policial Civil Paulo de Lima Albuquerque foi morto após uma tentativa de assalto frustada mesmo após a divulgação das fotos que supostamente mostram que o policial civil teria levado um tiro na testa durante o trajedo do hospital de Santana do Ipanema para Arapiraca.

A versão oficial divulgada pela polícia no dia do crime, 8 de agosto, dá conta que Paulo de Lima teria entrado numa residência de um empresário no município de Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas, junto com outros quatro homens com a intenção de roubarem a casa. Dentro do imóvel, uma adolescente teria notado a presença dos estranhos e conseguiu ir para um dos quartos, onde escondida, ligou para o proprietário da residência que teria chegado ao local junto com policiais militares.

Vendo que o assalto tinha sido frustrado a suposta quadrilha tentou fugir. A versão dos policiais é de que houve troca de tiros e Paulo de Lima foi baleado, sendo inicialmente socorrido até o hospital da cidade, onde lá, devido a seu estado grave de saúde, foi levado com vida para a Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca.

O que ninguém esperava é que uma foto com o corpo do policial tendo a testa perfurada por um tiro fosse divulgada já no IML (a foto chegou a redação do jornal Tribuna do Sertão) contradizendo outra tirada pelo site Sertão 24 horas nahora em que o policial entrava na ambulância que mostra claramente que não havia tiro na testa.

"Não trabalho com a hipótese de complô para matar o policial, todas as indicações mostram que ele morreu devido aos tiros que levou durante o assalto frustado" explicou o delegado.

Versões

Paulo de Lima que já foi segurança do ex-prefeito da cidade de Estrela de Alagoas, Sertão de Alagoas, Antônio Garrote, já falecido, teria assumido meses depois da morte do patrão, o papel de segurança da mulher do ex-prefeito, Ângela Garrote com quem teria tido um desentendimento supostamente por causa de política.

A família do policial nega, mas informações chegadas à polícia também dão conta que Paulo de Lima chegou a ser ameaçado no ano passado por Ângela Garrote e pelo irmão dela, Djalma Lira de Jesus, conhecido por Tatu e que já foi preso pela Polícia Federal de Alagoas, acusado de integrar uma quadrilha que havia alugado uma residência no bairro do Farol em Maceió, de onde foi escavado um túnel que daria acesso a agência da Caixa Econômica Federal, que seria assaltada.

Outro fato também chama a atenção. Paulo era amigo do policial militar Jeovani Gomes de Aquino, que foi preso esse ano acusado e tramar a morte do vigilante Clerisvaldo Pereira de Lima, crime ocorrido em novembro de 2005. O PM trabalhava para Ângela Garrote e segundo denuncias chegadas a Justiça teria recebido R$ 10 mil reais de Ângela para contratar os pistoleiros que seqüestraram, torturaram e mataram o vigilante que tinha intenções de ser candidato a prefeito, por um grupo de oposição a família Garrote.

No último mês de maio a juíza Ana Raquel, integrante da 17ª Vara Criminal da Capital, responsável pelo combate ao crime organizado no Estado determinou as prisões de Ângela Garrote, do irmão dela, Aldo Lira e do PM Jeovani Gomes. Todos acusados da morte do vigilante Clerisvaldo.

As prisões aconteceram após um desentendimento entre o militar e o policial civil Paulo de Lima. Na cidade de Estrela de Alagoas, os comentários eram de que Paulo havia denunciado todos os envolvidos a Justiça e que a delação não ficaria impune. Baseadas numa serie de denuncias, fontes da PC/AL admitem que a morte do policial pode sofrer uma grande reviravolta.

Denúncias

A redação do Cadaminuto recebeu após a veiculação das matérias denúncias que um policial identificado como Alexandre Neguinho, sobrinho do candidato a prefeito por Estrela de Alagoas, Chico Fausto, teria participado da escolta de Paulo de Lima para Arapiraca, este policial teria tido um desentendimento com a vítima e era tido como inimigo do mesmo.