Irmão de artista plástico morto em operação policial contesta versão da PC

13/08/2015 17:35 - Polícia
Por Géssika Costa*
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Marcelo Amorim, irmão do artista plástico Luciano Amorim, que foi morto na madrugada desta quinta-feira (13), num sítio em Junqueiro, Agreste de Alagoas, contesta e repudia a versão dada pelos agentes policiais que atiraram contra Luciano e mais dois homens – que ainda não foram identificados.

A Polícia Civil informou que o grupo estava planejando supostos sequestros a empresários de Arapiraca e região, porém, de acordo Marcelo, os policiais agiram com total despreparo e não há suspeita alguma que o artista plástico tenha envolvimento com qualquer tipo de crime.

“Meu irmão era um homem de bem e não um bandido como eles estão fazendo questão de divulgar. Todo mundo em Arapiraca sabe da sua índole, era algo incontestável. Não vamos deixar isso impune e com aval do Estado”, desabafa.

Segundo Marcelo Amorim, além do seu irmão e dos outros dois homens que foram mortos, estavam no sítio o caseiro, a esposa e mais três filhos do casal.

“Mais de 20 policiais arrombaram o cadeado do sítio  e depois foram até a residência do nosso caseiro, o renderam, apontaram uma arma e reviraram tudo. Isso sem mandado de busca e apreensão algum. Se ao menos houvesse uma investigação, eles teriam algo para comprovar”, diz.

De acordo com Marcelo, as vítimas estavam dormindo num dos quartos do sítio. O artista plástico, que recebeu dois tiros - um na perna e outro no coração morava em Arapiraca e desde terça-feira (11)  passava uns dias no sítio da família.

“Como era uma pessoa que não tinha problema com ninguém e fazia amizade com todo mundo, eu não sei dizer quem eram os outros dois homens que morreram. Mas de uma coisa eu sei: não houve, de forma alguma, troca de tiros”, enfatiza.

Ainda segundo o irmão da vítima, a esposa do caseiro disse que os policiais que participaram da ação foram os mesmos que buscaram o caseiro para prestar depoimento sobre o caso, na manhã desta quinta-feira.

“Eu tive uma conversa rápida com a nossa funcionária e ela me disse que não viu nenhum carro e que os policiais chegaram fortemente armados. Provavelmente eles estacionaram distante do sítio”, acredita.  

A reportagem do CadaMinuto falou com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, que repassou o contato do delegado Mário Jorge Barros, mas ele não atendeu as nossas ligações.

Nas redes sociais, amigos se manifestam

Familiares, amigos e conhecidos do artista plástico alagoano se manifestaram durante toda essa quinta-feira por meio das redes sociais. Alguns depoimentos remetem à personalidade do artista, que era tido como uma pessoa alegre e simples.

Os depoimentos vão do lamento pela morte até o clamor por justiça. Uma amiga do artista plástico disse na rede social: “Peço a Deus pela segurança de meus amigos e familiares de Alagoas. Estamos entregue a injustiça! Uma pessoa com uma ficha limpa, sem nenhuma passagem pela polícia é assassinado e ainda tido pelos órgãos competentes como um criminoso!? Deus nos ajude nessa peleja! Perdemos por imprudência e falta de preparo e aval do Estado, nosso amor, nosso beija-flor... Te amaremos para sempre”.

Outro amigo de Luciano, que era carinhosamente chamado por ‘Lu’ agradeceu os anos dedicados ao trabalho como artista plástico voltado para as causas ambientais.

“Lu,  vc vai estar sempre em nossos pensamentos, pois você contribuiu com um pouco de sua sabedoria e amor para que esse mundo fosse melhor, nos pequenos gestos de tudo que você fazia dando assim sua contribuição para a melhoria do nosso meio ambiente, te amamos".

Leia mais: Três suspeitos de sequestro morrem em confronto com a polícia.

 

*Colaboradora

 

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