Em meio ao impasse que travou a indicação das emendas de bancada de Alagoas ao Orçamento de 2026, o líder do MDB na Câmara, deputado federal Isnaldo Bulhões, afirmou que priorizar obras estruturantes é “o único caminho capaz de alterar o ciclo histórico de desigualdade do estado”. O parlamentar tem atuado para aproximar os membros da bancada e buscar um consenso sobre a destinação dos recursos.
Apesar do crescimento econômico dos últimos anos, Alagoas permanece entre os estados de menor Produto Interno Bruto (PIB) do país, representando menos de 1% da economia nacional, segundo dados do IBGE. O estado também deu um salto na segurança pública mas ainda precisa de um enfrentamento firme e contínuo para a manutenção dos índices além dos investimentos em infraestrutura com saneamento, mobilidade e logística.
Bulhões defende que esse cenário exige cautela na definição das prioridades da bancada. Para o deputado, a decisão de parte dos parlamentares de rejeitar o modelo de divisão das emendas apresentado inicialmente está alinhada à necessidade de garantir que os recursos sejam aplicados em projetos de impacto duradouro. “Alagoas precisa de investimentos que mudem realidades, não de ações imediatistas”, afirmou o líder do MDB.
Obras estruturantes como estratégia de transformação
O deputado cita como exemplo iniciativas já em andamento que receberam recursos de seu mandato e que, segundo ele, ilustram a importância da orientação defendida pela bancada. Entre elas estão os Centros Integrados de Segurança Pública (CISPs) tipo III — considerados os mais modernos do estado — construídos em Maceió, União dos Palmares e Santana do Ipanema. As unidades reúnem Polícia Civil e Polícia Militar, ampliam o monitoramento preventivo e integram operações que, segundo a Secretaria de Segurança, contribuem para a redução da criminalidade em áreas historicamente vulneráveis.
Outra ação destacada por Bulhões é a aquisição de dois helicópteros de última geração, destinados ao policiamento aéreo e ao atendimento de ocorrências de alta complexidade. Os equipamentos ampliam a capacidade de resposta do estado em situações de violência, resgate e operações de combate ao crime organizado.
O parlamentar também cita como obras estratégicas a ponte que ligará Penedo (AL) a Neópolis (SE) — infraestrutura considerada essencial para a geração de empregos e a integração econômica da região do Baixo São Francisco — e o Hospital Metropolitano do Agreste, que tem como objetivo desafogar unidades já sobrecarregadas e ampliar o acesso à saúde para milhares de moradores do interior.
Dados reforçam urgência por investimentos estruturantes
Dados nacionais de segurança e infraestrutura sustentam a defesa do parlamentar. Alagoas, mesmo com avanços pontuais, registrou por anos algumas das maiores taxas de homicídio do país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No saneamento, cerca de 37% dos municípios têm cobertura de esgoto inferior a 50%, e a malha rodoviária ainda apresenta trechos críticos que dificultam o deslocamento e o escoamento da produção regional.
Para Bulhões, investimentos desse porte produzem efeitos de longo prazo: aumentam a arrecadação, atraem empresas, ampliam oportunidades de trabalho e reduzem desigualdades internas. “Estados que conseguiram romper ciclos de pobreza fizeram isso com obras estruturantes. Alagoas não pode abrir mão disso”, disse.
Perfil conciliador e defesa da unidade da bancada
Apesar do impasse, Isnaldo Bulhões afirma que a divergência entre parlamentares deve ser interpretada como parte natural do processo e não como crise política. O líder do MDB disse que continuará trabalhando para aproximar deputados e senadores e que a busca pelo consenso deve prevalecer.
“O estado é maior que qualquer disputa interna”, declarou. Para ele, a postura dos parlamentares que rejeitaram o modelo inicial de definição das emendas demonstra responsabilidade. “Dizer ‘não’ a um formato inadequado é proteger Alagoas. É garantir que cada recurso seja aplicado onde produz resultado concreto”, afirmou.
A expectativa de Bulhões é que a bancada finalize a indicação das emendas nas próximas semanas, com foco em obras de impacto e em ações capazes de alterar indicadores socioeconômicos do estado.
