Nem tudo que é verde é inofensivo, pelo menos não para cães e gatos. Algumas das plantas mais comuns em ruas, praças e até dentro de casa escondem substâncias que podem causar irritações, vômitos e até falência de órgãos nos animais.
O maior problema é que é um risco escondido. Isso acontece porque muitas plantas passam despercebidas pelos tutores, principalmente por serem ornamentais e muito usadas em projetos paisagísticos.
Cuidados durante o passeio
Segundo a médica-veterinária Ana Carolina Mattos, durante os passeios, a atenção do tutor é o fator mais importante para evitar acidentes. “É importante que o responsável seja, de fato, o responsável, como o próprio nome diz, e tenha controle do animal.”
O ideal é que o pet esteja sempre com coleira e guia, e em casos de animais que costumam cheirar ou comer tudo que veem pelo caminho, o uso de focinheira pode ser uma boa alternativa.
“Às vezes, usar até uma focinheira daquelas de grade fechada na frente, para impedir o acesso”, recomenda a veterinária. Ela reforça que é importante monitorar constantemente o animal, para evitar que ele circule solto em parques e praças.
“É a melhor forma de prevenir que o animal coma plantas e outros tipos de coisas também. Por exemplo, eu já vi caso de cachorro que comeu pedaço de vidro em parque”, comenta.
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A focinheira impede que o pet coma plantas ou objetos durante o passeio, sem atrapalhar a respiração
Meu pet está intoxicado, e agora?
Mesmo com cuidado, acidentes acontecem. Se o tutor perceber que o animal mastigou ou ingeriu plantas, a orientação é agir rápido. “O importante é tirar foto ou pegar um pedaço. Saber de qual planta se trata é o primeiro passo.”
Em seguida, o pet deve ser levado ao veterinário imediatamente. O uso de carvão ativado pode ser feito até chegar à clínica, mas a profissional deixa um alerta.
“Dependendo da toxicidade da planta, o ideal é levar pra clínica para ser aplicada medicação e fazer uma lavagem gástrica se for o caso. Não dá pra esperar o animal apresentar sintomas, porque pode ser tarde demais”, orienta.
Entre os principais sinais de intoxicação por plantas estão salivação excessiva, vômitos, diarreia, fraqueza, tremores, convulsões, dificuldade para respirar, alterações nos batimentos cardíacos e irritação na boca ou mucosa.
E o que não fazer nesses casos?
É importante ficar atento, pois alguns cuidados populares podem piorar a situação. “O que não deve ser feito é induzir vômito, principalmente usando água oxigenada. Isso acaba com o esôfago do animal”, afirma a Ana Carolina.
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Misturas com leite não neutralizam toxinas e podem agravar o quadro da intoxicação
Segundo ela, também não se deve recorrer a “receitas milagrosas” com leite ou clara de ovo. “Só piora a situação. É no máximo carvão ativado e levar para o veterinário.”
A gravidade e o tempo de manifestação dos sintomas dependem de diversos fatores, como os tipos de plantas e a quantidade ingerida. Casos agudos, mais frequentes, surgem entre 30 minutos e quatro horas após o contato.
Em situações moderadas, os sinais podem levar até 24 horas para aparecer. Já exposições repetidas, como no caso de plantas que afetam fígado ou rins, podem demorar dias ou semanas para causar efeitos visíveis.
A atenção também deve estar dentro de casa
Além dos passeios, o perigo pode estar bem no quintal ou na sala. “É muito importante pesquisar se as plantas que a gente tem em casa são tóxicas”, alerta a especialista.
Ela cita como exemplo a cycas revoluta, também conhecida como sagu-de-jardim, extremamente tóxica para cães. “Um pedacinho já pode causar muitos danos e, na maioria dos casos, levar a óbito por falência hepática.”
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Conhecida como sagu-de-jardim, é uma planta extremamente para os pets, principalmente cães
O recado final para os “pais” de pets e plantas é simples: conhecer as espécies que convivem com os animais é muito importante para garantir que a beleza das plantas não vire um perigo silencioso.
Para ajudar a evitar acidentes, a coluna É o bicho! listou 10 espécies populares de plantas que podem intoxicar seu bichinho. Confira quais são, quais toxinas têm e os sinais de alerta em caso de ingestão.
Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia spp.)
- Substância tóxica: cristais de oxalato de cálcio
- Efeitos: causa forte irritação na boca, língua e garganta.
- Sinais: salivação intensa, dificuldade para engolir, inchaço e vômitos.
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É uma folhagem decorativa muito presente em interiores, mas é altamente tóxica para os pets
Lírios (Lilium spp.)
- Substância tóxica: compostos ainda não totalmente identificados, mas altamente tóxicos para gatos.
- Efeitos: provocam falência renal aguda, mesmo em pequenas quantidades.
- Sinais: vômitos, apatia, perda de apetite e evolução rápida para insuficiência renal.
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Algumas pétalas dos lírios já são o suficiente para causar falência renal em gatos
Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata)
- Substância tóxica: saponinas.
- Efeitos: irritação no trato gastrointestinal.
- Sinais: náuseas, vômitos, diarreia e prostração.
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Clássica planta de apartamento que pode causar enjoo e diarreia nos pets
Azaleia (Rhododendron spp.)
- Substância tóxica: grayanotoxinas.
- Efeitos: comprometem o sistema cardiovascular e o sistema nervoso.
- Sinais: salivação excessiva, fraqueza, vômitos, arritmias e convulsões.
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Bela e colorida, mas perigosa para o coração e o sistema nervosos dos animais
Mamona (Ricinus communis)
- Substância tóxica: ricina, que é uma das mais potentes conhecidas.
- Efeitos: destruição de células em diferentes órgãos.
- Sinais: dor abdominal intensa, vômitos, diarreia com sangue, convulsões e risco de morte.
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Muito presente em terrenos baldios, contém uma das toxinas mais potentes da natureza
Espirradeira (Nerium oleander)
- Substância tóxica: glicosídeos cardiotóxicos, como a oleandrina.
- Efeitos: comprometem o funcionamento do coração.
- Sinais: vômitos, salivação, batimentos lentos, arritmias e morte súbita.
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Flores bonitas como a espirradeira escondem toxinas que afetam diretamente o coração dos pets
Hortênsia (Hydrangea macrophylla)
- Substância tóxica: compostos cianogênicos, que liberam cianeto.
- Efeitos: interferem na respiração celular.
- Sinais: vômitos, diarreia, dificuldade para respirar e convulsões.
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Essas flores liberam compostos que viram cianeto no organismo dos pets
Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica)
- Substância tóxica: oxalato de cálcio.
- Efeitos: provoca irritação intensa na boca e no estômago.
- Sinais: salivação, inchaço da língua, vômitos e dor abdominal.
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Muito usada em arranjos, provoca irritação oral intensa em cães e gatos
Bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima)
- Substância tóxica: seiva leitosa com látex irritante.
- Efeitos: causa irritação em mucosas e pele.
- Sinais: salivação, vômitos, irritação nos olhos e dermatite local.
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Típica da época do Natal, a seiva leitosa pode causar irritação em pele e mucosas
Manacá-de-jardim (Brunfelsia spp.)
- Substância tóxica: brunfelsamidina e escopoletina.
- Efeitos: agem sobre o sistema nervoso central.
- Sinais: tremores, convulsões, rigidez muscular, vômitos e diarreia.
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É uma flor perfumada que pode provocar convulsões e tremores nos pets.










