O CM Cast lançou nesta quinta-feira (9) um novo episódio com a participação de Rafael Tenório, empresário, ex-suplente de senador e ex-presidente do Centro Sportivo Alagoano (CSA).

Durante a entrevista, conduzida pelos jornalistas Carlos Melo, diretor-executivo do CadaMinuto, e Ricardo Mota, Tenório falou sobre política, o mundo empresarial e a crise financeira enfrentada pelo time azulino, que já esteve na Série A e, neste ano, foi rebaixado para a Série D.

Na conversa, o ex-presidente, que assumiu o clube em maio de 2015, afirmou que o CSA gastou mais de R$ 72 milhões no ano de 2022. “Quando assumimos, o CSA não tinha conta bancária há 17 anos, o CNPJ estava inativo e funcionários com 25 anos de casa nunca receberam férias, décimo terceiro nem FGTS corretamente. O clube era um completo desastre.”

Ao ser questionado sobre a situação do time alagoano enquanto estava na Série A, o ex-dirigente também destacou os investimentos feitos em infraestrutura, como ônibus, departamento médico, equipamentos, drones, centro de treinamento, campos e vestiário.

“Em 2018, subimos para a Série B. Tivemos receita de R$ 18,6 milhões, gastamos R$ 18,1 milhões e entregamos R$ 500 mil em prêmio ao treinador e à comissão técnica pelo acesso à Série A”, contou.

Tenório detalhou ainda que conduziu o clube como uma empresa, com passivo, ativo, receita e despesa, e que, durante 31 meses — de maio de 2015 a dezembro de 2017 — aportou pessoalmente cerca de R$ 9 milhões para manter o CSA funcionando, já que o clube não tinha receita. Segundo Rafael, todos os funcionários receberam seus salários integralmente.

Já em 2019, quando o CSA estava na Série A, Rafael disse que a receita saltou para R$ 63 milhões. Ele afirmou que o planejamento foi cauteloso: quitou passivos, investiu na estrutura e preparou o clube para voltar à Série A em 2020. Contudo, veio a pandemia, e foi necessário negociar com a Braskem, obtendo uma indenização de R$ 31,18 milhões pelo valor do imóvel.

Rafael detalhou ainda a construção de um centro de treinamento completo, com seis campos oficiais, apartamentos e infraestrutura para abrigar atletas e clubes visitantes. Em 2020, segundo ele, o CSA tinha R$ 21 milhões em conta corrente, além de cotas a receber.

Na Série B, faltando quatro jogos para o fim, o CSA estava no G4, mas Rafael contraiu COVID e precisou ser internado, ficando impossibilitado de se comunicar. “Perdemos o acesso à Série A por detalhes de arbitragem. Hoje, acredito que muitos resultados no futebol brasileiro são influenciados por fatores externos, especialmente dinheiro e apostas”, afirmou.

Em 2021, ele relatou que o CSA novamente brigava pelo acesso, mas terminou em quinto lugar, mesmo com R$ 22,5 milhões na conta da Braskem e receita livre de R$ 4,2 milhões para o futebol. Segundo Rafael, o mandato que pediu para prorrogar não foi renovado por interesses internos, e a gestão seguinte, liderada por Omar, gastou além do previsto, encontrando um suposto passivo de R$ 12 milhões, o que resultou no rebaixamento do clube para a Série C.

Ao responder sobre o apoio de Miriam Monte, Tenório disse: “Sim, era minha vice, mas sumiu diante do problema. E hoje vejo o futebol como um ambiente onde o torcedor é, muitas vezes, a parte que mais sofre, se desgastando pela paixão enquanto decisões e interesses maiores acontecem nos bastidores.”

“O CSA não tem solução. Não adianta João, Pedro, Zé ou quem quer que seja, por mais bem-intencionado, honesto e bom administrador que seja: se não houver dinheiro, o clube não vai a lugar nenhum. Eu sei disso porque ninguém conhece o CSA melhor do que eu. A tendência do clube, se não houver cuidado, é caminhar para problemas sérios, podendo chegar até à falência”, finaliza.

Os episódios do CM Cast vão ao ar às segundas e quintas-feiras, a partir das 12h.