A prefeita Luísa Julia Duarte decidiu “oxigenar” a máquina pública e acabou mergulhada em um turbilhão de críticas. As mudanças administrativas em duas secretarias, oficializadas por três portarias publicadas no Diário Oficial (Ano XIII, Nº 6957), em 26 de setembro e divulgadas neste sábado (27), soam menos como modernização e mais como um arranjo familiar para acomodar aliados políticos.
Nomeações sob suspeita
°Luciano Monteiro da Silva Filho, novo secretário de Desenvolvimento Comunitário, é ninguém menos que o irmão do presidente da Câmara Municipal, Madson Luciano Monteiro.
°Jennifer Karoline da Silva Santos Monteiro, escolhida para a secretaria adjunta de Agricultura e Desenvolvimento Agrário, é esposa de Madson.
°Ana Paula de Lima Buono, agora secretária adjunta de Desenvolvimento Comunitário, tem ligações com o vereador Fábio Targino.
Os três assumem no lugar de Jonatas Santos Machado, Micael Farias da Silva e Pedro Trajano de Souza Filho, exonerados discretamente para abrir espaço no tabuleiro.
Impacto político
Embora a prefeita se ampare na Lei Delegada nº 2.124/2017 e na Lei Orgânica do Município, a concentração de familiares do presidente do Legislativo em cargos estratégicos do Executivo expõe uma ferida antiga: a confusão entre o público e o privado na política local. A “dança das cadeiras” não só desafia princípios constitucionais de moralidade e impessoalidade, como joga gasolina no debate sobre a independência entre os Poderes em Palmeira dos Índios.
Afinal, quando o irmão e a esposa do chefe da Câmara passam a comandar pastas na Prefeitura, a ideia de freios e contrapesos soa como piada de mau gosto. O Executivo e o Legislativo, que deveriam se fiscalizar mutuamente, agora parecem mais uma extensão de um mesmo sobrenome.
Repercussão
Para críticos, a prefeita foi além de um simples rearranjo administrativo: construiu um condomínio familiar dentro da gestão municipal. O resultado? Mais força para um grupo fechado e menos espaço para pluralismo, transparência e democracia efetiva.
O episódio, inevitavelmente, coloca a gestão no olho do furacão e promete inflar o discurso da oposição. Se a prefeita buscava estabilidade política, o que conseguiu foi expor sua administração ao desgaste público de um tema que sempre causa urticária: nepotismo descarado travestido de legalidade.