O empresário alagoano, Alan Cavalcante do Nascimento, é suspeito de liderar uma quadrilha envolvida em esquemas ilegais bilionários de mineração em Minas Gerais. Ele foi definido como “psicopata” pela própria ex-mulher em depoimentos à Polícia Federal, ela revelou detalhes do funcionamento da organização criminosa, que teria desviado recursos e violado normas ambientais em larga escala.
Segundo a ex-companheira, Alan usava estratégias para se aproximar de pessoas influentes no setor de mineração, como secretários de Meio Ambiente, e até manipulava familiares para criar relações de confiança. Uma dessas pessoas, Marília Melo, chegou a ser ameaçada por João Alberto, apontado como outro líder do esquema.
O empresário também adquiriu imóveis próximos a juízes que julgavam casos de corrupção em que ele estava envolvido. “Ele já tinha comentado que tinha que morar no mesmo prédio da juíza”, relatou a ex-mulher. Além disso, parte do dinheiro obtido de forma ilícita era escondida em bagagens espalhadas em apartamentos, inclusive em Alagoas. Um dos valores mencionados foi de 10 milhões de dólares.
A denunciante destacou que Alan calculava todos os movimentos e acreditava que nunca seria preso. “Ele é um psicopata que está tratando tudo de caso pensado. E ele acha que vocês [Polícia Federal] nunca vão pegar ele”, disse em depoimento.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, o grupo teria corrompido servidores públicos em órgãos estaduais e federais de fiscalização ambiental e mineração, obtendo licenças fraudulentas para explorar minério de ferro em larga escala, incluindo áreas protegidas e tombadas.
O valor bloqueado pela Justiça Federal chega a R$1,5 bilhão, referente ao lucro obtido com as práticas criminosas. Porém, projetos em andamento vinculados ao grupo possuem potencial econômico superior a R$18 bilhões, segundo a PF, com graves impactos ambientais e riscos sociais.
Além disso, conversas obtidas pela PF em aplicativos de mensagem mostram que Alan era avisado previamente sobre operações da corporação e orientava a destruição de provas. João Alberto, que também já foi deputado estadual em Minas Gerais, relatou que recebia ordens do empresário para eliminar documentos.

No último sábado (20), Alan, João Alberto e Helder, terceiro integrante apontado como chefe do esquema, foram transferidos para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande. Foi a primeira vez que presos por crimes ambientais foram levados a um presídio federal.
Quem é Alan Cavalcante do Nascimento
Alan possui uma mansão de três andares em Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió, onde promove festas luxuosas, incluindo pool parties e passeios de catamarã. Em uma das festas de Réveillon de 2023, cerca de 500 convidados assistiram a shows ao vivo, incluindo apresentações do cantor Raí Saia Rodada, cujo cachê teria chegado a R$400 mil.
Até 2010, Alan nunca havia trabalhado com mineração. Ele era ligado a corridas de motocross e atividades em Arapiraca, no Agreste alagoano, onde trabalhou como professor de matemática e atuou na área de telecomunicações. Em 2023, chamou atenção ao adquirir, em leilão promovido pelo jogador Neymar Jr., um blazer e um cordão de diamantes por R$1,2 milhão.
*Com informações do Fantástico