A prefeita de Lagoa da Canoa, Edilza Alves, manifestou profundo pesar pela morte do poliinstrumentista e compositor Hermeto Pascoal, canoense que levou o nome do município para os palcos do mundo inteiro. Considerado um dos maiores gênios da música brasileira, Hermeto faleceu neste sábado (13), deixando um legado reconhecido pela riqueza cultural e pela genialidade de suas criações.
“Lagoa da Canoa perde hoje um filho ilustre, que sempre teve orgulho de suas raízes e fez da música um instrumento de transformação e união. Hermeto levou a essência do nosso povo para o mundo, tornando-se referência internacional. Em nome de todos os canoenses, expresso minha solidariedade aos familiares, amigos e admiradores desse grande mestre”, declarou a gestora.
Hermeto nasceu no dia 22 de junho de 1936 no povoado Olho d'água, zona rural de Lagoa da Canoa. Em homenagem ao artista, a prefeita Edilza Alves decretou luto oficial de três dias no município.
O artista, conhecido como o “bruxo da música”, deixa um legado que atravessa gerações e inspira músicos em todo o planeta. Para Lagoa da Canoa, sua história se confunde com a própria identidade cultural da cidade, eternizando-o como um dos maiores símbolos da terra canoense.
Hermeto Pascoal morre aos 89 anos e deixa legado marcante

O músico Hermeto Pascoal, um dos maiores nomes da música brasileira, morreu neste domingo (14), aos 89 anos. A informação foi confirmada pela família em comunicado divulgado nas redes sociais.
Ele estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. A causa da morte não foi informada.
“Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música”, disse a nota. “No exato momento da passagem, seu Grupo estava no palco, como ele gostaria: fazendo som e música. Como ele sempre nos ensinou, não deixemos a tristeza tomar conta: escutemos o vento, o canto dos pássaros, o copo d’água, a cachoeira, a música universal segue viva... Quem desejar homenageá-lo, deixe soar uma nota no instrumento, na voz, na chaleira e ofereça ao universo. É assim que ele gostaria. Gratidão por todo carinho ao longo do caminho.”
Nascido em 22 de junho de 1936 em Olho d’Água, povoado próximo a Lagoa Grande, na região de Arapiraca (AL), Hermeto foi compositor, arranjador, multi-instrumentista e improvisador. Considerado um dos artistas mais inovadores e originais da música mundial, transcendeu fronteiras estilísticas e culturais, criando uma obra que unia o erudito e o popular, o experimental e o tradicional.
Com uma carreira iniciada aos 14 anos, o alagoano dialogou com gêneros como jazz, forró, samba e frevo. Ainda assim, preferia definir seu trabalho como “música universal”. Sua genialidade foi reconhecida por grandes nomes, entre eles Elis Regina e Miles Davis.
“A minha mente não para. Ela chega e vai rodando como nosso planeta. Por isso que eu chamo a música de música universal. Nada de decorar as coisas. Só criar na hora, como a própria natureza. Eu me surpreendo mesmo”, disse o músico em entrevista ao g1 em 2023.
Em 2024, lançou o álbum Pra Você, Ilza, homenagem à esposa falecida, que lhe rendeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Jazz Latino/Jazz. No mesmo período, também foi publicada sua primeira biografia autorizada, Quebra Tudo — A Arte Livre de Hermeto Pascoal, escrita por Vitor Nuzzi.
No ano anterior, em 2023, encantou o público do festival The Town, em São Paulo, mesmo sob forte chuva. Ao lado de sua banda — formada por André Marques (piano), Fábio Pascoal (percussão), Ajurinã Zwarg (bateria), Itiberê Zwarg (baixo e tuba) e Jota P. (saxofones e flautas) —, apresentou uma performance marcada pela improvisação e pelo uso inusitado de objetos como chaleira e galinha de borracha, reafirmando sua inventividade e status de lenda viva da música brasileira.
Hermeto Pascoal deixa seis filhos, 13 netos e dez bisnetos. Seu legado permanece como um dos mais ricos e originais da história da música brasileira.