Em meio a rebaixamentos e crise financeira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) direcionou R$ 1 milhão, via emenda parlamentar, para o CSA, seu time do coração. O valor, oficialmente destinado às categorias de base, também custeou salários de profissionais que atendem o elenco principal. As informações são do O Globo.
Torcedor assíduo, Renan esteve no Estádio Rei Pelé, em Maceió, na histórica conquista do Campeonato Brasileiro da Série C de 2017 — o primeiro título nacional de um clube alagoano. Sete anos depois, decidiu ir além do apoio nas arquibancadas e, em 2024, destinou R$ 1 milhão para o Azulão por meio de emenda.
O repasse integra um montante de R$ 13,5 milhões que parlamentares direcionaram a clubes de futebol entre 2022 e 2024, contemplando 31 agremiações. Só no ano passado, as transferências somaram R$ 10,5 milhões, em meio ao endurecimento da fiscalização do Supremo Tribunal Federal sobre emendas a ONGs e prefeituras.
No CSA, documentos enviados ao Ministério do Esporte mostram que R$ 652 mil foram usados para pagar fisioterapeutas, preparadores físicos, treinador e atletas da base, enquanto R$ 224,5 mil remuneraram o chefe do departamento médico do time profissional.
A presidente do clube, Mirian Monte, reconhece que o recurso também beneficiou o elenco principal, mas afirma que foi determinante para manter as categorias de base. Segundo ela, o envio foi articulado pelo ex-presidente do CSA e suplente de Renan no Senado, Rafael Tenório, que não se manifestou.
Renan sustenta que a verba foi destinada à formação de jogadores e defende apuração caso haja uso indevido. O Ministério do Esporte informou que, se confirmada a aplicação em finalidades diferentes das previstas, o clube terá de devolver o dinheiro.
A destinação de recursos ao futebol contrasta com outras demandas urgentes da capital alagoana, que figura entre as 20 cidades com pior saneamento básico do país, segundo o Instituto Trata Brasil.