A reprodução simulada da abordagem da Polícia Militar (PM) que vitimou Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, em Palmeira dos Índios, aconteceu na noite dessa terça-feira (15) no local exato dos disparos. A ação foi realizada como uma das etapas da investigação e ocorreu dois meses e meio depois da morte do adolescente.
Em aproximadamente seis horas, as equipes puderam ouvir nove testemunhas no local do ocorrido e, em seguida, contar com a participação dos cinco militares envolvidos na ocorrência. O último a se pronunciar foi o policial que atirou contra Gabriel.
O resultado da reprodução deve esclarecer a dinâmica da abordagem da PM e assim confrontar as versões apresentadas até o momento, tanto pela família, a qual defende a inocência do adolescente, quanto pela polícia, que o acusa de estar armado e de ter atirado contra a guarnição.
Durante a ação, os familiares do Gabriel Lincoln usaram camisas brancas com a imagem dele no peito e acompanharam do início ao fim.
A tia da vítima, Flávia Ferreira, afirmou em entrevista à TV Pajuçara que espera ver a Justiça sendo feita e torce para que todas as pessoas que presenciaram a crueldade cometida contra seu sobrinho tenham coragem de falar, para que nenhuma outra família precise passar pela dor que a dela está enfrentando.
O inquérito já ouviu mais de 15 pessoas, incluindo os militares que participaram da abordagem. O objetivo da investigação, segundo o delegado Sidney Tenório, responsável pelo caso, é reconstruir com o máximo de precisão possível.

O que diz a defesa?
O advogado da família de Gabriel, Gilmar Torres, acredita que a reconstituição dos fatos será um passo importante para o andamento do inquérito. Segundo ele, havia uma grande expectativa por esse momento, já que a família vinha cobrando a realização da reprodução simulada dos acontecimentos. Para o advogado, essa etapa da investigação será essencial para esclarecer as dúvidas que ainda existem em torno do caso.
Por outro lado, o advogado Raimundo Palmeira, que representa os policiais envolvidos na ação, classificou o ocorrido como uma grande fatalidade. Ele afirmou que espera que a reconstituição dos fatos deixe evidente que os agentes não tinham a intenção de causar qualquer mal a Gabriel.
Entenda
De acordo com os depoimentos colhidos até o momento, havia duas guarnições da PM envolvidas na ação, totalizando cinco policiais — três em uma viatura e dois em outra.
Durante a perseguição, os policiais tentaram diversas vezes fazer com que Gabriel parasse a motocicleta. Em determinado momento, a primeira guarnição se aproximou da moto e emparelhou o veículo com ela.
Segundo o relato do policial que efetuou o disparo, ele teria segurado Gabriel pela camisa. Nesse instante, a vítima teria sacado uma arma, que foi apresentada durante a investigação como prova. Esse seria o motivo alegado pelo agente para justificar o tiro disparado.