O expedicionário brasileiro João Avelino Torres nasceu em Palmeira dos Índios no dia 12 de fevereiro de 1920 e faleceu em Arapiraca no dia 12 de abril de 1995. Viveu grande parte da sua vida na terra de Manoel André com a esposa e os filhos e deu a sua contribuição para o desenvolvimento de Arapiraca como enfermeiro e farmacêutico em seu estabelecimento na Rua Bela Vista - a Farmácia Montese.
Participou da Campanha da Itália entre os meses de julho de 1944 e maio de 1945 na Itália. Partiu com os soldados brasileiros para a guerra adotando como símbolo o desenho de uma cobra fumando cachimbo acompanhado da expressão “A cobra vai fumar”, uma vez que na época, Getúlio Vargas tinha dito que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra.
Pois a cobra fumou, neste caso em Montese, e esta cidade presta uma homenagem aos nossos pracinhas brasileiros, ao lhes dedicar um espaço exclusivo em um museu muito visitado pelos turistas.
Na guerra da Itália, a FEB teve mais de dois mil perdas, entre mortos, desaparecidos e feridos, e fez mais de vinte mil prisioneiros. Importante lembrar a grande contribuição da FAB – Força Aérea Brasileira -, com as suas 1.282 horas de voo sobre as linhas inimigas.
Outro fator que contribui para que os cidadãos montesinos sejam gratos aos nossos pracinhas foram as relações de amizade que estes instauraram com a população: da parte brasileira, os socorros e os abastecimentos aos civis superaram os limites impostos pelos Aliados.
Após retornar da Itália, João Avelino Torres retornou para sua terra natal causou constituiu família e anos depois passou a residir em Maceió no bairro de Bebedouro e prestar serviços na 20ª CSM do Exército.
Nos dias de tristeza diante dos rigores da guerra, João Avelino Torres, fez uma promessa a Santo Antônio, após resgatar em uma casa destruída pelos canhões uma foto do Santo. “Se retornasse vivo ao Brasil, seu primeiro filho se chamaria Antônio. A Graça foi alcançada pela sua fé e devoção a Santo Antônio.
Anos depois passou a residir em Arapiraca, tive o privilégio de ser um de seus amigos, homem simples, educado de fala mansa. Conheci o bravo ex-combatente através do seu filho. Antônio Cavalcante Torres em Maceió onde trabalhava como estofador de móveis na Rua Formosa. Essa amizade pura desde a juventude foi cultivada ao longo dos anos em Arapiraca.
Seu João sempre que falava dos rigores da guerra era tomado pela emoção e não contia as lágrimas. No entanto, contou muitos detalhes do sofrimento dos soldados brasileiros no combate na Itália, muitos amigos e conterrâneos mortos, feridos e mutilados diante das explosões de granadas e minas dos alemães.
Falava das atrocidades da guerra com muita tristeza em razão da destruição da história das famílias a miséria as doenças e a fome. Contava um fato degradante das filhas e esposas de italianos serem obrigadas e se prostituírem em troca de alimentos, pó de café, chocolate, e muitas vezes o pó de café já servido.
Pela sua história, como ex-combatente, cidadão e pai de família exemplar, João Avelino Torres é uma das personalidades de destaque de Arapiraca no seu Primeiro Centenário.
*este texto é parte indegrante do meu livro Arapiraca Centenária - Ontem e Hoje já disponível, btrvr lançamento.