Em Maceió, há um serviço de saúde pouco conhecido que pode fazer toda a diferença entre a exposição e a infecção pelo HIV. A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) está disponível gratuitamente nas UPAs Benedito Bentes, Santa Lúcia e Trapiche da Barra. Trata-se de um tratamento de emergência que reduz significativamente o risco de contaminação quando iniciado em até 72 horas após o contato com o vírus. Apesar da eficácia comprovada, a adesão ao tratamento ainda é baixa por falta de conhecimento da população sobre o serviço.
Em entrevista ao CadaMinuto, o médico infectologista Fernando Maia informou que a Profilaxia Pós-Exposição é um tratamento que se faz após a pessoa ter se exposto ao vírus do HIV/Aids, seja por relação sexual ou por acidente ocupacional, no caso dos profissionais de saúde. A PEP deve ser realizada em até 72 horas após o contato.
“A PEP atua impedindo a replicação do vírus, então o prazo de 72 horas é aproximadamente o tempo que leva para o vírus, que é inoculado em um ponto do organismo, geralmente no aparelho genital, se replicar inicialmente no tecido, cair na corrente sanguínea, circular pelo organismo e chegar aos locais chamados santuários de replicação. Quando a infecção se instala, você não consegue mais removê-la. Por isso, o prazo é crucial para se tentar evitar que a infecção se instale”, explicou o doutor.

De acordo com o infectologista, entre os santuários de replicação, o mais conhecido é a medula óssea, mas o vírus pode se fixar em outros lugares, como nas Placas de Peyer, placas de tecido linfóide localizadas no intestino, além do baço, fígado, sistema nervoso central e outros locais.
“Todos os casos em que a pessoa se expôs ao vírus, é recomendado fazer a profilaxia, porque existem esquemas diferentes que são aplicados de acordo com a condição do paciente. Por exemplo, se é uma mulher gestante ou não, se é um homem ou uma criança... São esquemas diferentes que se adaptam às diversas situações dos pacientes, de modo que todos podem usar alguma dessas formas”, destacou o médico.
A assessoria de Comunicação da Unidade de Pronto Atendimento do Trapiche da Barra salientou que “a medicação é disponibilizada por 28 dias, como um método emergencial. Diante disso, a partir da dispensação, o paciente não precisa mais voltar para a UPA e é orientado a procurar um Centro Especializado para realizar testes após 30 dias.”
Considerando o período de janeiro a maio de 2024 em comparação com janeiro a maio de 2025, houve uma redução de 22,73% no número de pacientes que procuraram a unidade para dar início ao método preventivo emergencial. Veja a tabela:

A faixa etária das pessoas que procuraram o serviço neste ano foi de 20 a 45 anos, sem registros de adolescentes ou idosos. Confira a tabela do perfil demográfico dos pacientes atendidos entre os meses de fevereiro e maio de 2025:

Além do HIV, a PEP também diminui a chance de contágio por hepatites virais, sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). No entanto, não substitui o uso do preservativo.
O tratamento pode ser acessado de maneira gratuita nas UPAs Benedito Bentes, Santa Lúcia e Trapiche da Barra. O paciente deve informar o assunto ao médico ou durante a triagem. Na consulta, o médico irá solicitar um teste rápido e, caso dê positivo, o paciente é encaminhado para o Serviço de Atenção Especializada (SAE).
Caso o teste dê negativo e ainda esteja dentro das 72 horas após a exposição, a medicação de 28 dias é prescrita e oferecida pela unidade, com as orientações e encaminhamentos necessários.
O sigilo das informações é garantido, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
*Estagiária sob supervisão da editoria