Há histórias que nos inspiram a sermos pessoas melhores, nos instruem com preceitos e condutas deixando legado. Uma dessas é a de Marco Túlio Cícero, uma figura que, mesmo vivendo há quase dois mil anos, ensina lições valiosas sobre responsabilidade fiscal e boa gestão pública.

Cícero nasceu em uma Roma turbulenta, em 106 a.C., numa época em que o império enfrentava conflitos internos, corrupção e desigualdade. Desde cedo, destacou-se por sua inteligência, eloquência e, principalmente, por seu senso de justiça. Ao longo de sua vida, ele percebeu que a estabilidade de uma cidade – ou de qualquer sociedade – dependia de uma gestão responsável de seus recursos e de líderes que fossem fiéis ao bem comum.

Em meio às disputas políticas, Cícero pregava a importância da moderação e do equilíbrio. Ele acreditava que o uso consciente do dinheiro público e a transparência nas ações do Estado eram essenciais para evitar crises e garantir o progresso sustentável. Sua defesa da responsabilidade fiscal ficava evidente quando alertava os demais líderes sobre os perigos do desperdício, das dívidas descontroladas e da corrupção, que ameaçavam a estabilidade da república romana.

Cícero também era um mestre na arte do diálogo e da prudência. Ele defendia que o bom líder deveria governar com ética, ouvindo as vozes da sociedade e agindo sempre com transparência. Para ele, o verdadeiro gestor público cuidava dos recursos como se fossem de sua própria família, zelando pelo presente e, principalmente, pelo futuro das próximas gerações.

Mesmo diante de momentos difíceis, sua postura foi sempre orientada pelo princípio de que a administração pública deve ser um instrumento de justiça e progresso, não de privilégios ou abuso de poder. Esses princípios permanecem até hoje e nos remetem: a responsabilidade fiscal e a gestão ética são essenciais para construir uma sociedade mais justa, forte e sustentável.

A história de Marco Túlio Cícero nos lembra que a boa administração pública exige mais do que leis e regras – ela exige um compromisso moral com o bem comum. Sua vida e seus ensinamentos devem inspirar gestores, políticos e cidadãos a valorizar a responsabilidade, a transparência e a ética na gestão dos recursos públicos. Afinal, como ele dizia, “a verdadeira riqueza de uma república nasce da virtude dos seus governantes e do bem-estar de seu povo.”

Assim como Cicero, o escritor Graciliano Ramos, além de retratar em sua obra a dura realidade da fome, da desigualdade e da corrupção, também deixou lições práticas e concretas durante seu mandato como prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Seu relatório de gestão destacou a importância de uma administração austera, de combate ao desperdício e de maior transparência na gestão dos recursos públicos, promovendo maior responsabilidade administrativa e ganho de confiança da população. Ambos, apesar de diferentes, ensinam que a responsabilidade, a ética e o cuidado com o próximo devem estar no centro de qualquer projeto de gestão.

Tudo na vida é legado que vamos deixar e inspirar. E sempre importante lembrar as lições da trajetória de Cicero e Graciliano.

George Santoro