Quando nasce uma mãe, nasce também uma empreendedora? Para muitas mulheres, sim. Entre noites mal dormidas e a vontade de estar presente na vida dos filhos, surge a coragem de criar um negócio próprio — por necessidade, paixão ou propósito. É nessa encruzilhada entre o cuidado e a ambição que florescem histórias como as de Itaciara, Cris, Arla, Patrícia e Gerlane, mães alagoanas que decidiram empreender para transformar seus destinos e o das pessoas ao seu redor.

Mais do que vencer desafios, elas criaram soluções, reinventaram suas jornadas e encontraram no Sebrae Alagoas o apoio necessário para crescer com segurança. Com diferentes realidades, mas uma força em comum, essas mães mostram que empreender pode, e deve, ser uma escolha possível para quem também escolheu maternar com presença e propósito.

Arla Jéssica

A fotógrafa, sócia do Tortilete da Praça e fundadora da Casa Encantada, desde pequena já demonstrava ter o espírito de empreendedora, mas foi apenas com a chegada da maternidade que esse instinto se fortaleceu. No mesmo mês em que seu filho mais velho, Mateus, nasceu, ela abriu seu primeiro negócio: um estúdio de fotografia.

“Queria estar perto do meu filho e ter liberdade para organizar minha rotina de trabalho com base nas necessidades dele. Quando abri meu estúdio, ele tinha apenas 15 dias. Eu levava ele comigo, parava para amamentar e ajustava tudo de acordo com minhas clientes. A ajuda da minha tia foi essencial nessa fase, porque permitiu que seguisse com o meu trabalho apesar de todas as dificuldades que foram surgindo”, relembra.

Porém, apesar da rede de apoio, a chegada do segundo filho, Gabriel, mexeu com a estrutura da família. “Meu segundo bebê dependia muito de mim e por um tempo não consegui fotografar como antes, mas precisava me virar e voltei a vender bolos e sopas na rua, levando os dois sempre comigo. Aos poucos fui conseguindo voltar ao ritmo, mas passamos por um período apertado financeiramente”, contou.

Arla é exemplo de que, mesmo diante das dificuldades, o desejo de empreender nunca foi deixado de lado. Atualmente ela gerencia três empreendimentos. O primeiro é um estúdio de Fotografia de Família, onde há mais de 10 anos, Arla oferece uma experiência sensível e afetuosa para famílias, especialmente para mães. “Geralmente é a mãe que está sempre por trás das câmeras. Eu convido ela a estar à frente, com os filhos, num momento de muito amor e cuidado”, destaca.

O segundo empreendimento é Tortilete da Praça, que foi criado em parceria com o companheiro Flávio Dias em um momento em que mais uma vez precisou se reinventar para equilibrar as finanças da casa. “Sempre amamos cozinhar e juntos conseguimos transformar esse amor em uma experiência gastronômica diferenciada para os nossos clientes e manter nossa família unida”, conta Arla.

O desafio empresarial mais recente é a Casa Encantada, localizada em Santa Apolônia, zona rural de Satuba. O espaço está em processo de construção, mas a alma empreendedora de Jéssica já planeja transformar o terreno em um espaço que vai oferecer experiências de turismo rural: galinheiro, horta, pescaria, oficinas de culinária e pintura, trilhas e hospedagem por temporada. “Queremos promover uma vivência pé no chão, tranquila, que conecte famílias à natureza e umas às outras”, afirmou.

Itaciara Albuquerque

Quem também se aventurou na área da fotografia foi Itaciara Albuquerque. Formada em Marketing com especialização em Gestão Financeira, a empreendedora passou por algumas dificuldades quando engravidou em 2008 e trabalhava com carteira assinada. Foi buscando uma forma de contornar a situação que Itaciara encontrou a fotografia.

“Quando voltei ao trabalho, com minha filha ainda pequena e cheia de necessidades, fui demitida apenas um mês depois. Foi um baque. Tive que introduzir a alimentação da minha filha antes do tempo, o que causou complicações de saúde. Aquilo me marcou profundamente. Entendi que queria acompanhar o crescimento dos meus filhos de perto e talvez ali fosse a hora de empreender”, conta Itaciara.

Vinda de uma família em que os homens trabalham com audiovisual e imagens, o despertar para a fotografia foi algo natural. Itaciara começou registrando os primeiros meses da filha e, com o tempo, surgiu a oportunidade de abrir seu próprio estúdio. No começo, o trabalho era voltado para ensaios familiares e há 3 anos seu foco mudou para o universo corporativo, com eventos e ensaios de posicionamento de marca, através da Ita Fotografia.

“Hoje, com dois filhos, posso dizer que consegui equilibrar maternidade e empreendedorismo. Não é fácil, mas é gratificante. E meu conselho para as mulheres que estão pensando em empreender, especialmente aquelas que estão iniciando a jornada da maternidade, é: apaixone-se pelo seu negócio. Empreender exige coragem, resiliência e, acima de tudo, propósito. E quando você encontra um propósito verdadeiro, como eu encontrei na fotografia, tudo começa a fazer sentido”, reforçou Itaciara.

Patrícia Estevão

Diferente de Jéssica e Itaciara, que foram impulsionadas pela maternidade, para a empreendedora Patrícia, o fato de ser mãe fez com que ela postergasse decisões empreendedoras importantes. Desde muito nova gostava de vender produtos – maquiagem, sapatos, sandálias, tudo para garantir uma renda extra. “Foi nessa jornada que conheci os produtos eróticos e me apaixonei pelo segmento. Mesmo enquanto trabalhava com carteira assinada em outras áreas, nunca deixei de vender”, conta Patrícia.

“Com o tempo, comecei a focar exclusivamente nos cosméticos íntimos. Estudei, me dediquei e senti a necessidade de reposicionar a marca que antes se chamava Delirious Sex Shop. Agora temos uma proposta mais acolhedora com a Pacotinho de Amor. Vi que muitas mulheres tinham interesse em usar esses produtos, mas não sabiam como começar, nem se sentiam confortáveis em ambientes tradicionais. A loja, então, nasce com esse diferencial: ser um espaço seguro, afetivo e informativo, onde as mulheres possam explorar sua sexualidade com naturalidade, privacidade e autoestima”, destaca.

Apesar de ter a loja com um propósito em mente, a Pacotinhos de Amor nunca foi prioridade para Patrícia. Há apenas 3 anos, a empreendedora se permitiu focar no seu trabalho com o sex shop. “Sempre fui uma mãe muito presente, o que me fez colocar as necessidades da minha filha à frente das minhas por muitos anos. Dizia “não” para mim e para o meu negócio, porque estava sempre dizendo “sim” para os outros. Mas agora consigo perceber que, quando eu cresço, todos à minha volta crescem também”, conta.

Há quatro anos, Patrícia participou da maior feira de cosméticos íntimos da América Latina, em São Paulo, e voltou com a certeza de que precisava fazer mais. Hoje ela está se formando em Psicologia, com o objetivo de se especializar em Sexologia; criou um espaço físico para a loja e procura sempre equilibrar seu lado mãe com o lado empreendedora. “Acredite no seu potencial, no seu propósito e não tenha medo de se colocar em primeiro lugar”, finalizou.

Gerlane Maria

Gerlane Maria começou a empreender antes da maternidade, mas viu na chegada do filho e no divórcio o impulso definitivo. A independência financeira e a vontade de ajudar outras pessoas a desenvolverem suas habilidades a motivaram a seguir. Hoje ela é instrutora de moda na Escola de Moda Companhia da Costura, atendendo uma grande variedade de públicos, dos 6 aos 80 anos de idade.

“A escolha por empreender se intensificou pela flexibilidade de horários, pela busca da independência financeira e pela vontade de ajudar outras pessoas a desenvolverem habilidades e conquistarem sua própria renda. No início, foi um grande desafio conciliar as prioridades da maternidade com as demandas do negócio. Eu precisava me profissionalizar e encontrar formas de continuar empreendendo sem deixar de cuidar da minha casa e do meu filho”, relembra.

A instrutora conta que um dos principais desafios que enfrentou foi como gerenciar o tempo. “Eu não sabia como organizar minhas tarefas e responsabilidades. Havia um verdadeiro conflito entre o tempo necessário para cuidar do meu filho e o tempo exigido pelo crescimento da minha empresa, que também era como um “filho” para mim. Além disso, a fadiga, o estresse e a pressão social para ser uma mãe perfeita me afetaram profundamente”, conta.

Com muito estudo e capacitações em gestão, finanças e organização, Gerlane conseguiu se estruturar e hoje segue com seu propósito. “Também acolhemos pessoas em situação de vulnerabilidade, que enfrentam desemprego, depressão ou ansiedade. Por meio dos cursos de moda praia, consertos e reformas, oferecemos oportunidades reais de recolocação no mercado e fortalecimento da autoestima. Nosso maior objetivo é transformar vidas com a moda e a jornada continua.

Cris Oliveira

A mentora e proprietária de uma agência voltada para estratégias digitais, Cris Oliveira, também enxergou na maternidade o seu ponto de virada, motivada a conseguir conciliar a vida profissional com a maternidade; estar mais presente na vida da sua filha Malu, sem abrir mão dos seus sonhos e da sua carreira.

“O início foi desafiador. Encontrar um equilíbrio entre cuidar de um bebê e tocar um negócio não é simples. Eu queria muito me dedicar à maternidade, mas também sentia a necessidade de ver meu negócio florescer. Por um tempo, tentei equilibrar tudo perfeitamente, o que só gerava culpa. Até que entendi que o verdadeiro equilíbrio acontece quando a gente entende que nem sempre as coisas estarão perfeitamente divididas”, destaca Cris.

Hoje, além de trabalhar com estratégia digital, Cris é mentora de outras mulheres empreendedoras. “Em vários momentos senti que não sabia qual seria o próximo passo. Foi então que conheci o programa Efeito Furacão, do Sebrae Delas. Participar desse curso foi um divisor de águas para mim. Durante a formação, já comecei a transformar o meu negócio, e logo depois fui convidada para atuar como mentora e facilitadora do projeto. Isso foi muito especial. Hoje acredito que a chave é trazer leveza para a jornada. Os desafios vão existir, mas com calma, propósito e apoio certo, tudo flui”, finaliza.

Sebrae Delas

Além de serem mães e empreendedoras, outro ponto que uniu essas cinco mulheres foi terem buscado o Sebrae Alagoas em um momento de virada das suas histórias. Arla Jéssica, Patrícia Estevão, Gerlane, Itaciara e Cris encontraram na instituição o apoio necessário para sair da estagnação, organizar suas ideias e transformar sonhos em projetos concretos.

Seja por meio de cursos, programas como o Efeito Furacão, consultorias ou eventos de networking, cada uma delas foi acolhida por uma rede de incentivo que fortaleceu suas decisões e impulsionou seus negócios. Em comum, todas reconhecem o Sebrae como um espaço de escuta ativa, conexões genuínas e incentivo à autonomia, contribuindo diretamente para que se enxergassem como líderes de suas próprias trajetórias.

“O Sebrae abriu portas que eu nem imaginava que existiam. Antes disso, eu nunca tinha procurado apoio na instituição. Depois que entrei nesse universo, comecei a participar de outros cursos, eventos, reuniões e me conectar com outras mulheres empreendedoras. Essa troca foi muito poderosa. Além do conhecimento técnico, como gestão, marketing e parte jurídica, encontrei uma rede de apoio que fez toda a diferença”, conta Cris Oliveira.

As histórias dessas mulheres fazem parte da série Mães Empreendedoras, disponível no perfil do Sebrae Alagoas no Instagram. Acesse o link e acompanhe a trajetória transformadora dessas empresárias.

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