Você sabe o que é O ETARISMO FEMININO? Se trata da discriminação e opressão das mulheres com base em sua idade e seu envelhecimento.
A sociedade frequentemente associa a beleza e a atratividade feminina à juventude. Isso pode levar a uma pressão constante para que as mulheres mantenham um corpo jovem e "perfeito". Mas será que existe, de fato, um corpo perfeito e eternamente "fresco"?
Essa pressão massacrante é exercida pela mídia, pela indústria da beleza , pela cultura popular e pelo capitalismo que lucra muito com a venda de produtos ligados a beleza .
Em 1991, Naomi Wolf lançou o livro ' O mito da beleza', e nele, a jornalista confronta a indústria da beleza e do entretenimento, questionando O porquê da beleza ser a característica feminina mais valorizada numa mulher. A jornalista defende que o culto à beleza e à juventude feminina é um mecanismo de controle social. E assim , nos provoca à essa dura reflexão : Aceitamos o envelhecimento do corpo feminino?
A aclamada poeta modernista Rupi Kaur em um de seus versos diz: "Quero pedir desculpa a todas as mulheres que descrevi como bonitas antes de dizer inteligentes ou corajosas. Fico triste por ter falado como se algo tão simples como aquilo que nasceu com você, fosse seu maior orgulho..." . Aqui, a autora revela a mesma indignação de Naomi Wolf, que é: jamais a beleza física deve ser a maior qualidade de uma mulher . Pois somos muito mais que beleza e juventude, somos o que há dentro de nós .
No filme 'A substância' , Demi Moore entregou a melhor performance da sua carreira. Nesse drama, quase terror é abordado justamente o ostracismo vivido por uma apresentadora que é demitida, apenas porque envelheceu. E aqui, a arte imita a vida . E a vida imitou a arte quando o Oscar de melhor atriz foi dado a Mikey Madison por seu papel como a prostituta em "Anora", filme que explora a sexualidade e juventude da personagem de forma que alguns consideram misógina e sexualizante.
Em 1990 Julia Roberts, aos 23anos interpretou Vivian Ward, prostituta que arrebatou o executivo vivido por Richard Gere em Uma Linda Mulher. Vejamos como a sociedade encara o envelhecimento do homem e da mulher. Há 3 décadas Richard Gere já era grisalho, e mesmo assim se tornou símbolo sexual, já Júlia Roberts, enquanto jovem era "sexy symbol". Mas com o passar dos anos começou a receber duras críticas sobre seu envelhecimento, o que não foi observado em seu par romântico, acima citado. A importunação foi tamanha que Julia fez a seguinte declaração :"Estou envelhecendo com dignidade, humor e serenidade...Se não quiserem me dar um papel porque pareço velha, significa que produzo o projeto e escolho quem eu quero" .
Então, Júlia Roberts , assim como, Reese Witherspoon, protagonista de 'Legalmente loira', falam sobre ter a necessidade de criar uma produtora para ter papeis sobre mulheres acima dos 40 anos. Reese, inclusive, já abriu sua produtora e ficou bilionária com isso . Mostrando que a indústria não ofertava papeis para mulheres maduras e que o fato da empresa de Reese ter estourado, revela que há milhões de mulheres maduras sedentas para serem ouvidas e vistas.
Essa busca desenfreada pelo padrão, magro e jovem, gera consequências cruéis no universo feminino, como baixa auto estima , transtornos alimentares , depressão, ansiedade, discriminação, perdão de identidade .
Precisamos enxergar que há muito tempo a "carne" feminina jovem é cara e desejada, já a velha é invisibilizada. Todavia, as mulheres estão ávidas por sua liberdade, e estão travando batalhas para mudar essa realidade. Precisamos nos libertar dessa prisão invisível, no qual fomos acorrentadas, e para isso devemos desafiar esteriótipos e preconceitos sobre idade e beleza feminina; fomentar auto aceitação encorajando mulheres a se amarem independente de idade e aparência física; oferecer apoio e recursos para mulheres que enfrentam discriminação por não se encaixarem no padrão imposto. E assim, poderemos seguir e envelhecer em paz .