A última pesquisa Tv Gazeta/Quaest antes do primeiro turno deve ser divulgada "a partir de quinta-feira, três de outubro", me conta uma fonte, sem cravar a data exata.
Na mesma quinta-feira haverá o debate entre os candidatos a prefeito de Maceió, logo após a novela Mania de Você.
O prefeito JHC (PL) ainda não confirmou sua participação. Ele lidera os levantamentos da Tv Gazeta/Quaest com folga (leia aqui).
Imagine, caro leitor, o clima de alegria e de tristeza se a pesquisa for publicada no mesmo dia antes do debate, no jornal local noturno!?
Mas será que a divulgação de pesquisas tão próximas do dia da votação pode influenciar no resultado?
Uns acham que pode prejudicar, outros, ao contrário, que dá é transparência. O fato é que não há uma conclusão.
Em O Globo, Antonio Lavareda, presidente de honra da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), diz que as ciências sociais catalogaram cinco tipos de impacto direto decorrentes da publicação das pesquisas:
1 - "Efeito bandwagon. Efeito manada. A tendência de um segmento do público a seguir o líder, a apoiar o vencedor."
2 - "Efeito underdog. A solidariedade ao azarão, combinada com um certo voto de protesto, um sucedâneo do voto em branco ou nulo. Foi isso que provavelmente impulsionou, em 2018, o Cabo Daciolo, permitindo-lhe ultrapassar Marina Silva e Henrique Meirelles."
3 - "Estímulo ao absenteísmo. Por parte de alguns que ao verem seus candidatos ou sem chances ou já sabidamente vitoriosos por largas margens, e sentindo que o resultado já está definido resolvem não ir votar. Sobre isso, um texto clássico de Seymour Sudman (1986) concluiu que havia um declínio entre um e cinco pontos percentuais do voto total em distritos da Costa Oeste norte americana onde as urnas fechavam muito tarde e os eleitores tomavam conhecimento das pesquisas de boca de urna do resto do país. Naqueles casos em que se antevia vitórias claras, quando as estimativas anteriores eram de empate ou muito próximas disso. Polêmicas sobre as projeções nos anos 80 e na eleição de 2000 levaram os principais veículos e os pesquisadores a aderirem desde então a um embargo voluntário da boca de urna até que todas as seções tenham seus trabalhos concluídos."
4 - "Voto estratégico. A informação qualificada proveniente das pesquisas ajuda um contingente de pessoas a redirecionar seu voto para tentar derrotar o candidato pelo qual têm maior rejeição. Exemplo: para um eleitor paulistano “estratégico” de direita a pergunta inescapável é: quem tem mais condições de derrotar Boulos? Conforme já escrevi a respeito (Lavareda,2023), o voto estratégico é próprio de contextos pluripartidários. Atingiu em diferentes momentos 5% dos votantes no Reino Unido, 6% dos canadenses, 9% dos alemães, 7% dos portugueses, e pelo menos 4% dos votantes brasileiros. O que pode fazer uma grande diferença em contextos de competição acirrada."
5 - "Voto randômico. Por fim , o voto errático. No Brasil, 10% dos eleitores já confessaram que mudaram em algum momento suas preferências por motivos os mais aleatórios. As pesquisas podendo ser um desses fatores."