Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente (CMA) nesta quarta-feira (4), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, afirmou que apenas Alagoas e Sergipe não enfrentam escassez hídrica severa, enquanto nove estão em situação crítica. 

Em meio à queimadas que castigam a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado, a Comissão do Meio Ambiente (CMA) do Senado recebeu Marina Silva para prestar esclarecimentos sobre as ações da pasta no combate à destruição de biomas de extrema relevância ao país.

Conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), agosto deste ano registrou 68,3 mil focos de queimadas, o que representa um aumento de 144% em relação ao mesmo mês de 2023.

A ministra afirmou, durante a audiência, que caso as queimadas e o período de estiagem prolongado persistam e os efeitos do aquecimento global não sejam revertidos, o Brasil corre o risco de perder o Pantanal até o final do século. “Segundo pesquisadores, se continuar o mesmo fenômeno em relação ao Pantanal, o diagnóstico é de que poderemos perder o Pantanal até o final do século. Isso tem um nome: baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da planície alagada”, explicou Marina.

Marina destacou que, além das mudanças climáticas, a gestão inadequada do fogo contribui para as queimadas e incêndios florestais. Ela mencionou Corumbá (MS), no Pantanal sul-mato-grossense, onde o desmatamento é responsável por cerca de 50% das queimadas no estado.

Ela negou que o ministério esteja sofrendo cortes orçamentários que comprometam o combate aos incêndios e sublinhou a necessidade de políticas públicas baseadas em evidências e de colaboração com o setor privado. Marina também afirmou que, sem a redução do desmatamento promovida pelo governo atual no ano passado e em 2024, a situação seria “incomparavelmente pior”. Ela destacou os avanços do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e no Cerrado (PPCerrado), que incluem a previsão de aumento para 3 mil brigadistas e o recente lançamento do Plano de Transformação Ecológica.

A ministra observou que o país vive um “novo normal” que exigirá do poder público respostas adaptativas às mudanças climáticas. Ela também solicitou ao Congresso a criação de um marco regulatório de emergência climática, considerando que 1.942 municípios estão em risco climático extremo.

 

*com Agências