Cinco cooperativas falsas estão envolvidas na organização criminosa especializada em fraudes na administração pública que desviou mais de R$ 243 milhões no estado de Alagoas. A prefeitura de Feira Grande é um dos alvos das investigações do Ministério Público (MP-AL).
As cooperativas fazem parte do grupo criminoso desarticulado pela Operação Maligno realizada na última quinta-feira (16), em Alagoas e em Pernambuco. Segundo a investigação, a organização criminosa oferecia diversos serviços ligados à administração pública, como coleta de resíduos sólidos, limpeza de vias públicas e contratação de profissionais para diversas funções.
De acordo com o promotor de Justiça, Klever Valadares, tudo isso era parte de um esquema destinado ao desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito dos envolvidos.
“Estamos verificando quais outros municípios contrataram essa e as outras cooperativas que estão atreladas a ela, fazendo o mesmo esquema de colocar pessoas sem concurso público nas prefeituras conforme indicações, gerando essa fraude em que o dinheiro vai parar com particulares”, comentou.
Até o momento, cinco pessoas foram presas acusadas de peculato, fraude em licitações e contratos, falsidade ideológica, desvio e lavagem de dinheiro público, dentre outros ilícitos penais. Segundo as investigações, o grupo firmou contratos milionários com 20 municípios de Alagoas, entre eles Feira Grande, movimentando R$ 243 milhões entre 2020 e 2023.
O Ministério Público informou que ainda conseguiu que a 17ª Vara Criminal da Capital determinasse o bloqueio e sequestros de bens dos denunciados no valor de R$ 46 milhões.
Foram descobertos contratos estabelecidos com os municípios de Cajueiro, Quebrangulo, Porto de Pedras, Feira Grande, Pindoba, Carneiros, Olho d’Água das Flores, Mar Vermelho, Porto Real do Colégio, Pão de Açúcar, Estrela de Alagoas, Tanque d’Arca, Porto Calvo, Taquarana, Poço das Trincheiras, São Luís do Quitunde, Limoeiro de Anadia, Senador Rui Palmeira, Chã Preta e Flexeiras.
O promotor de Justiça Frederico Monteiro disse que não há investigação em andamento contra agentes públicos, mas há indícios de que secretários recebiam “mesadas” das cooperativas investigadas.
“Há indícios em alguns municípios de que talvez exista uma espécie de apadrinhamento político em algumas contratações, uma espécie de mesada para algum secretário, mas é inicial”, ressaltou.